Corrupção, Petrobrás e Reforma Política Corrupção, Petrobrás e Reforma Política

Diversos, Notícias | 25 de novembro de 2014

A operação Lava Jato da Polícia Federal escancarou um imenso esquema de corrupção envolvendo alguns da alta gerência da Petrobrás, grandes empreiteiras e quase todos os partidos políticos. As delações premiadas indicaram que mais de 250 parlamentares receberam doações ilegais de empreiteiras. Se confirmadas,os deputados e senadores terão as denúncias julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As empreiteiras envolvidas no bilionário esquema de desvio de dinheiro da Petrobrás são nove: UTC, Queiroz Galvão, Odebrecht, Camargo Corrêa, IESA, Galvão Engenharia, OAS, Mendes Júnior e Engevix. Juntas, têm contratos com a empresa de R$ 59 bilhões. É bom frisar que essas empreiteiras fazem obras em todo o Brasil, não só para a Petrobrás, com prefeituras, governos estaduais e governo federal.

O escândalo vem sendo muito divulgado na imprensa, o que tornou o assunto de amplo domínio público. Mas tem uma malandragem: o que envolve a oposição é pouco ou nada divulgado. Por isso, vamos dar algumas informações que mostram a responsabilidade dos tucanos e outros partidos de oposição nesse esquema de corrupção. A imprensa centra fogo nos petistas e aliados, deixando de fora o PSDB. Assim, vamos acrescentar nas denúncias que saem na mídia outras que ficam escondidas “debaixo do tapete”.

O problema é que essas investigações correm sério risco de ficarem comprometidas. Alguns membros da Polícia Federal, Ministério Público, Judiciário e órgãos da imprensa tentam de todas as formas condenar o PT e Dilma. Mas a roubalheira vem desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e perdura até os dias de hoje envolvendo um grande número de políticos. Segundo o Ministério Publico, este esquema tem mais de 15 anos, portanto, vem ocorrendo desde os anos 90. Em 1997, no governo FHC, foi aprovada a “Lei do Petróleo”, que deu à Petrobrás o direito de contratar sem licitação. Isso facilitou ainda mais a roubalheira que já estava instalada na empresa.
O ex-gerente de Serviços da Petrobrás e mega ladrão, Pedro Barusco, declarou à Polícia Federal que recebeu propinas durante 18 anos, desde 1996. Segundo ele, o valor total seria algo em torno de US$ 100 milhões (R$ 259 milhões). Ele é ligado aos tucanos. Na delação, Barusco afirma não ter feito doações a partidos. Ele já deixou a Petrobrás e assessora o presidente do banco BTG, que apoiou Aécio Neves.

A POLÍCIA FEDERAL NO JOGO POLÍTICO ELEITORAL
As delações premiadas foram “ajustadas” para coincidirem com a eleição. Para isso, contaram com a Polícia Federal, Ministério Público, grande imprensa e o juiz do processo, Sergio Moro. Tentaram eleger Aécio Neves com uma enxurrada de “notícias” negativas contra Dilma e o PT. Como vimos, não conseguiram. Mas ficou claro que uma parte da Polícia Federal, Ministério Público e do Judiciário estavam usando as denúncias de forma seletiva para favorecer o PSDB.
Isso ficou mais claro depois que o jornal Estado de S.Paulo publicou uma reportagem dizendo que os delegados da “Operação Lava Jato” usaram as redes sociais para atacar Dilma e Lula e defender o candidato tucano durante a campanha eleitoral. O ativismo desses delegados nas redes sociais compromete as investigações, pois, espera-se da polícia total imparcialidade, principalmente em questões políticas eleitorais.
Até os empresários e executivos das empreiteiras tiveram uma “ajudazinha” não se sabe de onde. Vinte e um executivos de empreiteiras foram presos. A justiça decidiu pelo bloqueio das contas bancárias desses dirigentes. Acontece que seis dessas contas foram encontradas com saldo zero. Várias outras tinham quantias irrisórias. Fica evidente que alguém avisou sobre as prisões e bloqueios das contas desses dirigentes, dando tempo para que retirassem o dinheiro que ia ser bloqueado. Isso fica mais “estranho” quando se sabe que o judiciário tem acesso às contas bancárias dos suspeitos e de qualquer cidadão brasileiro, com uma simples consulta ao CPF.
Outro caso “estranho” foi o que envolveu José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento da Petrobrás. Ele foi nomeado por Graça Foster para o lugar do ladrão Paulo Roberto Costa. Os delegados da Polícia Federal divulgaram que Cosenza estava na delação premiada feita pelo doleiro Alberto Youssef. A imprensa pediu a cabeça do diretor e seu nome saiu em toda mídia. Mais uma vez, utilizavam o vazamento da denúncia para atacar o governo. Após 24 horas da divulgação da notícia, os delegados da PF tiveram de reconhecer o erro e disseram que José Carlos Cosenza não estava nas denúncias de Youssef. A precipitação dos delegados é uma prova de que buscam atingir a Petrobrás e o governo federal a qualquer custo. Perderam a eleição, mas querem derrubar ou inviabilizar o governo eleito de qualquer maneira.

A URGÊNCIA DA REFORMA POLÍTICA
As empreiteiras não são as únicas empresas que financiam partidos políticos e campanhas eleitorais. Os bancos também são grandes financiadores. Esse dinheiro pode ser por via legal ou não. Uma grande parte é via ilegal, o famoso Caixa 2.

Na última eleição, 326 parlamentares tiveram suas campanhas financiadas por empreiteiras. Desses, 255 receberam dinheiro das envolvidas na “Operação Lava Jato”. A Odebrecht doou mais de R$30 milhões. A Queiroz Galvão mais de R$ 50 milhões. Já a OAS doou R$ 52 milhões e a UTC outros R$34 milhões. Esse dinheiro irrigou as campanhas de quase todos os candidatos à Presidência e centenas de parlamentares. Mesmo o dinheiro sendo legalmente declarado, as empreiteiras não iriam retirar fortunas do bolso e diminuir seus lucros se não fossem ganhar muito mais em troca. Elas buscam o dinheiro nos contratos superfaturados que fazem com os órgãos públicos, como fizeram com a Petrobrás. Portanto, essa roubalheira favorece algumas pessoas que usam o dinheiro público para financiar políticos e seus partidos. O financiamento das eleições é feito com dinheiro público roubado e, por ser ilegal, acaba violentando o sistema democrático.

Temos que proibir o financiamento das campanhas pelas empresas e criar critérios para distribuir dinheiro aos partidos para os gastos eleitorais. A verba tem que partir do governo de maneira clara e com as devidas prestações de contas dos envolvidos. Atualmente, uma grande parte do financiamento das campanhas eleitorais vem dos governos, mas por meio de propinas e pilhagem das obras contratadas em todos os níveis administrativos: municipal, estadual e federal. Para por um fim a isso, é urgente que façamos a Reforma Política. No Congresso eleito vai ser muito difícil passar, porque como vimos, pelo menos 326 parlamentares receberam dinheiro de empreiteiras para se eleger. No STF, seis dos onze ministros votaram pelo fim do financiamento de campanha eleitoral por empresas. O julgamento está parado, pois o ministro Gilmar Mendes pediu “vistas” do processo.

É HORA DE LIMPAR A PETROBRÁS
Queremos a Petrobrás livre dos ladrões que sugaram seu dinheiro. Não podemos aceitar que uma empresa feita e construída com dinheiro do povo brasileiro seja roubada. Vamos cobrar até o fim um desfecho dessa Operação Lava Jato. Da direção da Petrobrás esperamos uma atitude dura e rígida com os ladrões e corruptos. A FUP cobrou participação nas investigações que estão sendo feitas pela empresa.

Sindipetro/MG