Tempos ruins na UTE-ACH Tempos ruins na UTE-ACH

Diversos, Notícias | 5 de maio de 2015

Durante o mês de abril, a gerência da Termelétrica Aureliano Chaves abriu sua caixa de ferramentas e distribuiu punições a vários operadores de turno. Os trabalhadores estavam envolvidos no incidente no Sistema de Óleo de Controle da Turbina a Vapor, ocorrido na última Parada de Manutenção da Usina, em outubro de 2014.

Os resultados da comissão, criada pela empresa para investigar o incidente, foram repudiados pela operação da unidade. Em um mais um processo teatral, contabilizado com advertências verbais, por escrito e uma suspensão, ficou claro o jogo de cartas marcadas, que pune o peão e salva a pele dos amigos do rei!

Histórico
Antes de iniciada a Parada de Manutenção, a gerência chegou a cogitar a manter apenas um (!) operador de plantão, o que foi refutado pela força de trabalho e pela diretoria do Sindipetro/MG. Com uma equipe reduzida e completamente distante das atividades da parada, o incidente ocorreu justamente quando uma atividade foi solicitada fora do HA, sem que houvesse qualquer necessidade ou pressa para tal (ainda não havia iniciado o processo de partida da planta).

As falhas de planejamento da coordenação da parada se somaram às falhas de comunicação e de vários equipamentos/sistemas. Porém, a comissão insiste em defender que se tratou de falhas individuais de operadores de turno – por mais que, claramente, as causas tenham se mostrado mais sistêmicas do que casuais.

Dois pesos, duas medidas
O incidente no Sistema de Óleo de Controle não foi o único e nem o mais grave gerador de problemas neste período turbulento da maior Parada de Manutenção da história do Parque Termelétrico da Petrobrás. Nem por isso foi instalada qualquer comissão para verificar perdas motivadas por outros incidentes da parada, que durou quase o dobro do tempo previsto.

Assim que foi ultrapassado o prazo inicial para o fim da parada, aconteceram DOIS acidentes graves na planta. Além disso, houve denúncias de terceirizados referentes a pressão dos fiscais da Petrobrás na entrega do serviço pelas empresas contratadas. Também não foi criada qualquer comissão para avaliar o porquê desses seguidos acidentes em tão pouco tempo.

Autoritarismo
Sobre as punições, a gerência foi autoritária ao sequer comunicar o Sindipetro/MG, e irredutível a qualquer possibilidade de negociação. A diretoria do sindicato lamenta a postura intolerante, que fere a relação da usina com a entidade sindical de seus trabalhadores. Os consecutivos resultados ruins na ambiência organizacional estão estritamente ligados à forma como a termelétrica trata seus empregados. Como parte dessas “medidas educativas”, a gerência da UTE-ACH questionou os punidos sobre o quê cada um havia aprendido com o episódio. Pois nós podemos ajudar na resposta: quanto maior a responsabilidade, maior a impunidade!

Negligência gera risco aos trabalhadores
No último dia 24, houve princípio de incêndio na turbina a vapor da UTE-ACH, devido ao vazamento de óleo lubrificante no mancal. O vazamento já é antigo e de ciência das gerências. Foram empurrando com a barriga até que um incêndio ocorreu!

A brigada da unidade atuou de forma correta e extinguiu o fogo na carcaça da turbina após o acionamento MANUAL do sistema de combate a incêndio com uso de CO2. Por sorte, a operação verificou o incêndio no início, entretanto, não houve qualquer alarme ou acionamento do sistema automático de combate a incêndio.

O sistema automático estava completamente indisponível, com a ciência da gerência de SMS, por vários meses. O novo painel de comando automático do sistema de detecção de alarme e injeção de CO2 no compartimento da turbina já estava disponível para instalação. Mas a gerência de SMS postergava a contratação de empresa para reinstalar o sistema. Curiosamente, dois dias após o incêndio, uma empresa foi contratada para reinstalar o painel de comando.

Sindipetro/MG