Quando o impeachment é golpe Quando o impeachment é golpe

Diversos, Notícias | 4 de dezembro de 2015

A retaliação

Na quarta feira, dia 2 de dezembro, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aceitou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A solicitação foi apresentada pelos juristas Miguel Reale Junior e Helio Bicudo. Mas já faz alguns meses que Cunha está com esse pedido “na gaveta”, ameaçando o Governo Federal.

O pedido de impeachment é baseado nas chamadas “pedaladas fiscais”, que segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), foram cometidas no mandato passado de Dilma. “Pedaladas fiscais” são atrasos no repasse de verbas para a Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, para fazer caixa. É uma medida tomada em diversos governos, sejam do PT, PSDB ou PMDB, estaduais e municipais. Esses recursos voltam para os bancos tão logo contabilizados no caixa.

Além disso, o presidente da república não pode ser julgado por qualquer falha, falta ou desvio cometidos no mandato anterior. Portanto, a base para o pedido de impeachment é ilegal. O que pretende Eduardo Cunha, PSDB e o DEM tem outro nome: golpe. O presidente da Câmara está envolvido numa série de denúncias de corrupção. Ele tem usado seu poder para chantagear o Governo Federal. Eduardo Cunha condicionou a não abertura do processo de impeachment aos votos do PT para livrá-lo da cassação. Mas a bancada do PT na Comissão de Ética decidiu que vai votar pela sua cassação. A chantagem não deu certo. Eduardo Cunha partiu para a retaliação e aceitou o pedido impeachment.

A sociedade brasileira não pode aceitar este golpe. Lutamos muito para termos uma democracia e vamos mantê-la a qualquer custo. Não permitiremos que chantagistas e corruptos, como Eduardo Cunha, destruam o que o povo construiu com dificuldade e luta. Está em jogo não é só o mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas todas as nossas conquistas desde o fim da Ditadura Militar.

E os petroleiros com isso?

Alguns petroleiros devem estar se perguntando: o que temos com isso? Ou o que o sindicato tem com isso? O sindicato “não tem que se envolver em política”. O sindicato “quer defender o PT”. E por aí vai as críticas que ouvimos dentro de nossa categoria. Afinal, o Sindipetro/MG deve deixar a política nacional de lado? Ela não nos afeta enquanto petroleiros e brasileiros? Este golpe que estão tentando contra a presidenta Dilma não nos atinge? Devemos nos omitir? A diretoria do Sindipetro/MG entende que não deve se omitir, pois seremos duramente afetados se esse golpe se concretizar. Além, é claro, de acabar com todo avanço social que tivemos nos últimos 12 anos.

As opções colocadas para o lugar de Dilma são todas de direita. Isto significa, entre outras coisas, que todas as alternativas colocadas para ocupar o posto de presidente da república são favoráveis ao fim da Petrobrás e a entrega do pré-sal. Tanto o PMDB de Temer, quanto o PSDB de Aécio e Serra, já deixaram escrito em seus programas a retomada das “privatizações”. A Petrobrás será a “bola da vez”. Junto com a liquidação da Petrobrás, vão “detonar” nossas conquistas. Isso não é terrorismo. Está escrito em programas partidários e é falado claramente em entrevistas dos “caciques” desses partidos de direita. São propostas anti-povo e anti-trabalhadores. Visam entregar nossas riquezas às grandes empresas nacionais e multinacionais, principalmente, na área petrolífera.

O PSDB já mostrou no governo FHC o que ele faz com as estatais. A Vale é apenas um exemplo. O PMDB fez uma convenção em São Paulo, em que aprovou um documento propondo a retirada do pré-sal da Petrobrás e mais privatizações. Os partidos menores são na maioria aliados dos partidos de direita. Este é um pequeno quadro do que poderemos ter numa “era pós-Dilma”. Manter a ordem democrática é manter a Petrobrás, o pré-sal e garantir que permaneçam as conquistas do povo brasileiro nos último. Esta é nossa luta.

Sindipetro/MG