Desintegração da Petrobrás terá reflexos no balanço da empresa Desintegração da Petrobrás terá reflexos no balanço da empresa

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 10 de agosto de 2017

defesa-brOs resultados financeiros e operacionais da Petrobrás no segundo trimestre, que serão divulgados nesta quinta-feira (10), devem refletir os impactos causados pela desintegração da empresa. “Tudo indica que haverá uma nova queda na produção de derivados e aumento da exportação de óleo cru”, revela Rodrigo Leão, um dos economistas que integram o Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas para o Setor de Óleo e Gás (Geep), que assessora a FUP.

São indicadores que reforçam a estratégia da atual gestão de quebrar o Sistema Petrobrás, que até um tempo atrás atuava de forma integrada, em toda a cadeia produtiva do setor de energia, do poço ao poste. “A Petrobrás vive um processo de desindustrialização, saindo das atividades de refino e direcionando suas ações para extração e exportação do petróleo cru. Uma empresa cada vez mais do poço ao porto”, afirma Rodrigo.

O balanço do primeiro trimestre já sinalizava para isso: as exportações de óleo cru praticamente dobraram em relação ao mesmo período do ano passado, saltando de 307 mil para 609 mil barris diários, enquanto a produção de derivados caiu de 1,96 milhão para 1,81 milhão de barris. Segundo os analistas do Geep, neste segundo trimestre a produção de derivados deve ficar em torno de 1,74 milhão de barris/dia, o que equivale a 75% da capacidade das refinarias da Petrobrás.

Enquanto isso, as importações de gasolina e diesel seguem a pleno vapor, beneficiando empresas que concorrem diretamente com a Petrobrás. O país registrou um crescimento de mais de 50% nas importações de combustíveis entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano. “Isso implicará numa redução do nível de utilização das refinarias da Petrobrás abaixo dos 70% e, consequentemente, no aumento dos custos de refino para a empresa”, alerta Eduardo Costa, professor do Instituto de Economia da UFRJ e também integrante do Geep. Em sua avaliação, o balanço da Petrobrás já refletirá a redução da participação da empresa no mercado de distribuição de gasolina e diesel.

O mesmo acontece com o desmonte da Transpetro. Se a venda da maior malha de gasodutos do país (NTS) gerou US$ 4,23 bilhões para a Petrobrás neste segundo trimestre, nos próximos meses significará custos da ordem de US$ 1 bilhão anual, já que a companhia terá agora que pagar para utilizar os dutos que ela mesma construiu. Ou seja, em quatro anos, a Petrobrás terá gasto em aluguel o valor que arrecadou com a venda da NTS.

A farsa da gestão Parente

A despeito dos efeitos negativos da desintegração do Sistema Petrobrás, tanto para a empresa como para a economia e a indústria nacional, o mercado deve enaltecer o balanço do segundo trimestre, cujos resultados financeiros tendem a ser semelhantes aos do período anterior. As estimativas são de que a empresa registre um lucro operacional entre R$ 20 e R$ 25 bilhões – valor próximo ao do primeiro trimestre de 2017. A alta produtividade do pré-sal, garantida pelos investimentos que a Petrobrás recebeu nos governos anteriores, mais uma vez é o que alavancará os resultados da empresa.

Assim como no primeiro trimestre, o aumento do preço do barril do petróleo também terá impactos positivos no balanço. Além disso, o alongamento da dívida e a capitalização – propostas que FUP defendeu na Pauta pelo Brasil – contribuirão para a desalavancagem, reforçando que a companhia tem condições de melhorar seus indicadores financeiros, sem que precise vender ativos.

Fica, portanto, cada vez mais claro que os problemas da Petrobrás não são estruturais, como tentou fazer crer Pedro Parente, para justificar a falácia de que a empresa estava quebrada. Não foi à toa que abusou dos testes de impairments no balanço de 2016, manobra contábil que utilizou para desvalorizar ativos e superestimar os prejuízos, passando para a sociedade a falsa ideia de que a Petrobrás havia sido dilapidada pelas gestões anteriores. O objetivo dessa “estratégia de gerenciamento de resultados”, alerta o economista Eduardo Costa, é tentar “legitimar a desenfreada vendas de ativos como a única alternativa possível para resolver os problemas financeiros” da empresa, o que é uma falácia. O exemplo da NTS é a prova disso.

Fonte: FUP