Petroleiros reagem contra anúncio de venda de 50 áreas de produção terrestre no Nordeste Petroleiros reagem contra anúncio de venda de 50 áreas de produção terrestre no Nordeste

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 30 de agosto de 2017

7543e1bf3e8088087e50fd4e9a64c85b_sNo rastro da privatização dos campos petrolíferos em águas rasas, a gestão Pedro Parente coloca em ação também a venda dos campos terrestres. Em comunicado ao mercado na noite de segunda-feira, 28, a direção da Petrobrás anunciou o início da “etapa de divulgação das oportunidades (Teasers)”, referentes “à cessão da totalidade de seus direitos de exploração, desenvolvimento e produção em três conjuntos de campos terrestres” que equivalem a 50 concessões no Rio Grande do Norte e na Bahia.Segundo a Petrobrás, sua parcela “na produção média de petróleo e gás natural desses campos, no ano de 2016, foi de 20,4 mil barris de óleo equivalente por dia”.

O coordenador da FUP, José Maria Rangel, alerta para os impactos que a venda dos campos terrestres terá para os trabalhadores e a economia dos municípios afetados. “É falsa a afirmação de que o setor privado vai investir nessas áreas. Quem faz o investimento na área de óleo e gás é a Petrobras. Essa venda vai trazer o caos nessas cidades que dependem da receita do petróleo. É mais uma medida equivocada”, ressalta.

Há um mês, a gestão da empresa já havia anunciado a venda de 30 concessões em águas rasas em cinco estados do país, o que significará a entrega de 74 plataformas de exploração e produção de petróleo no Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo.

Na manhã desta terça-feira, 29, os petroleiros de áreas produtoras da Bahia responderam à ofensiva privatista da empresa com uma grande paralisação do campo de Miranga, no município de Pojuca, onde estão localizadas nove concessões que serão vendidas: Miranga, Fazenda Onça, Riacho São Pedro, Jacuípe, Rio Pipiri, Biriba,Miranga Norte, Apariús e Sussuarana. Segundo o Sindipetro-BA, esse é um dos polos mais lucrativos da Petrobrás no estado, com baixo custo de extração por barril, em função da sua grande atividade na exploração e produção de gás natural. Os trabalhadores aprovaram novas paralisações para barrar a privatização.

Outro polo de produção terrestre da Bahia que foi posto à venda é Buracica, no município de Alagoinhas, que tem quase 70 anos de atividade e continua dando lucro operacional, nas sete concessões: Buracica, fazenda Panelas, Fazenda Matinha, Conceição, Quererá, Fazenda santa Rosa e Lagoa Branca.

No Rio Grande do Norte, onde estão sendo ofertadas 34 concessões no Polo Riacho da Forquilha, próximio a Mossoró, a produção também tem sido lucrativa para a Petrobrás, com uma média de 8.748 barris de óleo e 332 mil metros cúbicos de gás por dia, segundo dados apurados entre janeiro e junho de 2016.

Em nota publicada em seu site, o Sindipetro-RN conclama a reação da população do estado ao desmonte da Petrobrás: “A sociedade norte-rio-grandense, com destaque para os agentes políticos, precisa reagir. A saída da Petrobrás das atividades de exploração e produção acarretará redução de investimentos no setor, diminuição da produção, queda na arrecadação de royalties e impostos, riscos à segurança e ao meio-ambiente, precarização do trabalho e mais desemprego”.

O diretor da FUP e do Sindipetro Bahia, Leonardo Urpia ressalta os efeitos que o desmonte da Petrobrás vem provocando para a economia das cidades que abrigam os polos produtores que estão sendo vendidos. “Dos 100 trabalhadores próprios lotados em Miranga (Bahia), hoje restam apenas 26 e dos 400 terceirizados, ficaram menos de 200. No último ano, dezenas de funcionários foram transferidos para outras unidades e muitos saíram através do PIDV”. Para ele o objetivo é claro, “terceirizar as atividades da operação e enxugar o quadro de funcionários para entregar os campos à iniciativa privada”, afirmou.

Ele destaca que, na ânsia de vender tudo, “a direção da empresa passou por cima da lei, terceirizando as atividades fins em Buracica e Miranga e ainda descumpriu o ACT e as normas de segurança e meio ambiente do trabalho, ao não realizar estudos prévios de efetivo e transferir os trabalhadores para outras unidades de forma indiscriminada”, denuncia, Urpia.

Para os dirigentes sindicais petroleiros, o fato da Petrobrás retomar as vendas dos campos terrestres no Nordeste deixou os trabalhadores ainda mais apreensivos, principalmente neste momento em que o governo Temer intensifica a privatização do Estado, anunciando a venda da Eletrobrás, da Casa da Moeda e de outras empresas públicas.

Em agosto do ano passado, os petroleiros de campos terrestres realizaram uma grande greve de cinco dias contra o anúncio da venda dos ativos.

A FUP e seus sindicatos continuarão lutando para barrar a venda dos ativos do Sistema Petrobrás, através de mobilizações e ações políticas e jurídicas, contestando a legalidade dessas privatizações, pois atentam claramente contra os interesses do povo brasileiro.

Fonte: FUP, com informações dos Sindipetros Bahia e Rio Grande do Norte