Editorial: A luta (sempre) vale a pena! Editorial: A luta (sempre) vale a pena!

Opinião | 8 de junho de 2018

Já se passavam 60 horas de um movimento que ficaria para a história da categoria petroleira de Minas Gerais. Naquele momento, aquecidos pelo abraço de centenas de apoiadores num ato emocionante na portaria da Regap, os petroleiros em greve precisavam reavaliar a continuidade do movimento.

Enquanto calculávamos as possíveis baixas e levantávamos a moral de um exército que ousou afrontar inimigos poderosos em uma batalha tão dura, fomos surpreendidos com uma notícia que nos lavou a alma: Pedro Parente caiu.

Por alguns segundos, a dúvida e a apreensão se alastrou por aquele grupo de grevistas, talvez incrédulos com uma vitória improvável. Mal foi confirmada a informação, vimos a categoria explodir numa catarse que certamente marcou a vida dessas petroleiras e petroleiros. Gritos, abraços e lágrimas inundaram a barraca da greve, que já não era capaz de conter uma categoria tão emocionada.

Fomos nós que o derrubamos? Também. A greve dos caminhoneiros, muito forte e de amplo apoio popular, abriu uma brecha que nós, petroleiras e petroleiros, soubemos aproveitar. Sem medo de disputar narrativas em um cenário temeroso, quando o caos se instalava no país e os fantasmas da ditadura militar nos rondava, alçamos ao debate político nacional uma questão tão negligenciada pelos poderosos: para que(m) serve a Petrobrás?

Furamos a bolha, depois de tanto tempo falando para nós mesmos. Viralizamos nas redes sociais e chegamos às discussões do boteco, do ônibus e dos estádios de futebol. A grande mídia foi pautada por nós e se viu obrigada a discutir o que seria o tema do momento.
Despimos o menino de ouro do mercado em plena praça pública, revelando assim as entranhas de um política econômica que maltrata nosso povo. A partir de agora, os debates e disputas eleitorais certamente passarão pela questão da Petrobrás e do preço dos combustíveis. A sociedade quer saber: por que a gasolina está tão cara? Por que o gás está tão caro? Por que, se o petróleo é nosso?

Do ponto de vista da organização dos trabalhadores, essa greve também foi vitoriosa. Minas Gerais se mostrou como ponta de lança do movimento sindical petroleiro, com uma categoria aguerrida e destemida. A relação de respeito e cumplicidade entre base e diretoria, mesmo diante de divergências e dificuldades, foi essencial para construirmos a mais longa e forte greve do País.

Apesar das vitórias desse movimento, sabemos que o outro lado também tem se movimentado para tentar salvar seu projeto de privatização da estatal. Nosso objetivo, agora, é manter a mobilização e, principalmente, o diálogo com a sociedade. Não há salvação para a Petrobrás que não passe pela vontade e a pressão da população para mantê-la estatal, a serviço do povo brasileiro.