Parente pede para sair, mas a luta continua! Parente pede para sair, mas a luta continua!

Diversos, Notícias, De que lado você está?, Tribuna Livre, Novidades | 8 de junho de 2018

Uma greve histórica e vitoriosa. Assim pode ser caracterizada a paralisação de 72 horas dos petroleiros que culminou na demissão de Pedro Parente – responsável pela política privatista adotada pela Petrobrás nos últimos dois anos e que provocou a alta dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha no Brasil.

A categoria já havia aprovado uma greve nacional no início do mês de maio, em resposta ao anúncio de privatização de quatro refinarias da Petrobrás. Diante da greve dos caminhoneiros, as direções sindicais, juntamente com os trabalhadores, avaliaram que era o momento certo para mais uma vez denunciar à sociedade que os preços abusivos dos combustíveis não são reflexo apenas da tributação alta, mas sim de uma política de governo implantada na Petrobrás: atrelar os preços dos combustíveis ao barril de petróleo e ao dólar.

A denúncia ganhou a população e o debate se voltou contra a política de preços. A FUP então anunciou a greve nacional de 72 horas que mudaria a história do Brasil. A força das denúncias realizadas pela categoria se mostrou tão grande, especialmente diante do cenário em que o País se encontrava com a greve dos caminhoneiros, que antes mesmo do início do movimento, a Justiça o declarou ilegal.

Na tarde de 29 de maio, dia em que teve início a greve dos petroleiros, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), julgou a greve ilegal e aplicou uma multa de R$ 500 mil a cada um dos sindicatos de petroleiros. A Petrobrás recorreu e a multa foi aumentada para R$ 2 milhões ao dia, além de ser determinada a investigação dos sindicatos pela Polícia Federal.Nada disso impediu a manutenção do movimento em Minas, que se manteve até o dia 1° de junho, como inicialmente previsto.

Durante assembleia em que a categoria decidia sobre a manutenção da greve até 23h30 ou a suspensão do movimento às 15h30, os trabalhadores receberam a notícia da demissão de Parente – uma das pautas principais do movimento. A derrubada do responsável pelo desmonte da Petrobrás foi muito comemorada pela categoria e motivou a suspensão da paralisação por unanimidade e o retorno imediato ao trabalho.

Luta deve continuar

A demissão de Pedro Parente foi uma importante vitória da categoria petroleira. Além de ser uma das pautas da greve dos trabalhadores, a saída do presidente da Petrobrás pode ser o primeiro passo para que seja revertida a política de desmonte praticada na estatal.

Entretanto, isso demanda que a categoria continue unida. Até porque, para seu lugar, foi indicado Ivan Monteiro – que até então ocupava a diretoria financeira da Petrobrás e era o responsável pelo programa de privatização da empresa, cuja meta é vender R$ 21 bilhões em ativos até o fim deste ano.

A política de preços está mantida, a União seguirá penalizando setores da saúde e educação para subsidiar o óleo diesel e a Petrobrás continua servindo ao mercado externo e às empresas estrangeiras.

Gerência intransigente, Judiciário covarde

Outro desafio que se impõe à categoria neste momento é a luta contra a criminalização da organização sindical.

Antes mesmo de iniciada a primeira grande greve da gestão Parente/Temer, a categoria petroleira foi afrontada com uma multa imposta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) de R$ 500 mil/dia para cada entidade sindical, valor que ainda seria aumentado para  R$ 2 milhões/dia.

Ante essas decisões, o departamento jurídico do Sindipetro/MG já está preparando recurso que será apresentado à Justiça nos próximos dias.

Também durante a greve, a Petrobrás mostrou qual será sua postura diante das mobilizações dos trabalhadores. A empresa recorreu da multa do TST pedindo que a mesma fosse majorada para R$ 5 milhões e que sua execução fosse imediata. Também solicitou o bloqueio das contas das entidades sindicais e de seus dirigentes – medidas recusadas pela Justiça.

Em Minas, a gerência da Regap se recusou a negociar com o Sindipetro/MG a liberação dos trabalhadores – mesmo após liminar da Justiça em resposta a uma ação de cárcere privado movida pelo Sindicato. Alguns petroleiros chegaram a ficar mais de 60 horas na empresa e precisaram de atendimento médico.

Tudo isso demonstra que a luta não será simples. Por outro lado, a categoria mineira não arregou diante das arbitrariedades e saiu fortalecida após uma vitória histórica.

Agora, é preciso seguir denunciando à sociedade as consequências da privatização da Petrobrás e se preparar para os próximos passos da luta – afinal, a greve foi suspensa, mas ainda não acabou.