PCR: é uma cilada, Bino! PCR: é uma cilada, Bino!

Opinião | 6 de julho de 2018

No último dia 2, o que parecia boato virou realidade: foi apresentado à categoria petroleira o tal do Plano de Carreiras e Remuneração (PCR). Desde antes de seu anúncio, quando algumas informações já haviam sido vazadas, uma certa apreensão surgiu na base sobre do que se trataria esse novo plano – que pretende substituir o nosso atual Plano de Classificação e Avaliação de Cargos (PCAC).

Após apresentado, muitas dúvidas e questionamentos ainda prosseguem sem respostas. De fato, o pouco transparente e unilateral processo de criação do PCR não parece ser somente incompetência da atual gestão da Petrobrás, mas sim uma jogada proposital. Trata-se de mais um capítulo do novo modus operandi da direção da empresa para lidar com sua força de trabalho: engole e não chora!

Apesar da tentativa de comprar a categoria petroleira com um abono, uma análise preliminar do PCR tem deixado a categoria com os dois pés atrás. Além dos problemas envolvendo a falta de informação sobre as tais “ênfases”, fazendo com que o fantasma do “empregado multi-função” volte a assustar os trabalhadores, há uma grande preocupação sobre como será tratada uma das principais premissas do plano – a mobilidade. Por mais que pareça uma oportunidade para uma parcela da categoria, seja por interesses profissionais ou por receio diante de possíveis vendas, o PCR pode se transformar numa ferramenta de realocação compulsória da força de trabalho conforme avança o atual processo de terceirização e privatização da estatal.

Além desses pontos, a atual gestão da Petrobrás resolveu abrir sua caixa de ferramentas para acabar com outra conquista histórica da categoria: o avanço de nível por antiguidade (o famoso “12, 18, 24”). Caso seja implantado o PCR, esse direito passaria a ser mera lenda urbana para os petroleiros, fazendo com que retornássemos ao tempo em que empregados passavam até dez anos sem conquistar um nível. Essa categoria sabe muito bem o que é viver no mundo dessa tal “meritocracia” tão cantada aos quatro ventos pela gerência.

O PCR, portanto, se revela como mais um recado da atual gestão da Petrobrás para seus empregados. Diferente de 2007, não há mais espaço para diálogo e negociação. Não é momento de buscarmos uma saída individual para nosso futuro, mas sim de lutarmos coletivamente para garantir nossos direitos e empregos. É bom lembrar que, com nossa mobilização, contribuímos para a queda de Pedro Parente e para a recente suspensão das privatizações na Petrobrás.
A categoria não pode aceitar esse verdadeiro cheque em branco!