Luta e resistência dos petroleiros derruba presidente da Petrobrás Luta e resistência dos petroleiros derruba presidente da Petrobrás

Diversos, Notícias, Tribuna Livre, Política | 20 de julho de 2018

gab_1337-2A unidade da categoria petroleira foi fundamental para a queda de Pedro Parente – o principal responsável pela atual política de privatizações na Petrobrás e pelos sucessivos aumentos dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha no Brasil. Ambas as medidas fazem parte de um plano maior que passa pela entrega do pré-sal e do mercado de combustíveis brasileiro para a exploração por parte de empresas estrangeiras.

A greve, aprovada no início de maio em todo o País, tinha como reivindicação principal o fim das privatizações e era uma resposta ao recente anúncio de venda de 60% de quatro refinarias da Petrobrás. A data de início do movimento ainda não tinha sido definida, até que estourou a greve dos caminhoneiros que parou o Brasil no final de maio.

Foi então que motoristas de caminhão cruzaram os braços de Norte a Sul do País denunciando a alta do diesel e exigindo do governo a redução ou isenção de impostos sobre o combustível.
A partir daí, os petroleiros passaram a denunciar que a carga tributária no Brasil é alta e desigual, revelando a necessidade de uma reforma tributária, mas que o principal responsável pela recente alta nos combustíveis era a política de preços da Petrobrás – política esta comandada por Pedro Parente e reflexo de uma política do governo Michel Temer voltada para a privatização da empresa.

“Nós conseguimos qualificar o debate levantado pelos caminhoneiros. Colocamos nossa pauta contra a privatização, contra a redução de carga nas refinarias, contra a venda das plataformas, gasodutos e malhas de dutos e conseguimos dialogar com a população furando a bolha da mídia para mostrar e denunciar esse desmonte na Petrobrás. É como se os caminhoneiros fossem aquele jogador que tirou a bola do fundo do campo e foi até o outro lado, mas nós emplacamos o gol que derrubou o Pedro Parente ao ampliarmos o debate não só para a questão do diesel, mas também para os combustíveis e derivados de petróleo como um todo”, avalia o coordenador do Sindipetro Norte Fluminese, Tezeu Freitas Bezerra.

Em todo o País, a categoria iniciou no dia 29 de maio uma greve de 72 horas. Entretanto, em razão da pressão da Petrobrás e do Judiciário, diversas bases suspenderam o movimento.
No entanto, contrariando o indicativo da FUP, os petroleiros de Minas mantiveram a paralisação, realizaram um grande ato na portaria da Regap no último dia – 1º de junho – e, enquanto avaliavam o encerramento do movimento, foram surpreendidos com a notícia do pedido de demissão de Pedro Parente.

De acordo com o diretor da FUP e do Sindipetro/MG, Alexandre Finamori, o movimento grevista como um todo não poderia ter sido melhor.

“A greve foi uma das mais bem sucedidas nos últimos 12 anos. Ela extrapolou os portões da refinaria e tivemos resultados claros e rápidos, como o pedido de demissão de um diretor de assuntos estratégicos da Shell, que foi colocado como conselheiro da Petrobrás [José Alberto de Paula Torres Lima]; a pesquisa do Datafolha mostrando que 75% da população se posicionou contra venda da Petrobrás; e o pedido de demissão do então presidente Pedro Parente. A greve se encerra com sentimento de coletividade, vitória e solidariedade. A maior conquista dessa greve foi o avanço que obtivemos como categoria organizada”, avaliou Alexandre Finamori.