Desintegração da Petrobrás gera prejuízo para Nação e pro povo brasileiro, diz pesquisador do Ineep Desintegração da Petrobrás gera prejuízo para Nação e pro povo brasileiro, diz pesquisador do Ineep

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 25 de julho de 2018
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Eduardo Costa Pinto, professor e pesquisador do Ineep, apresentou os prejuízos da privatização da Petrobrás

Na mesa “Impactos da privatização da Petrobrás para os petroleiros e para o Brasil”, apresentada na manhã de sábado (21) no 32º Congresso dos Petroleiros de Minas Gerais, os debatedores apontaram o quão prejudicial é a política implantada por Pedro Parente para a companhia e os prejuízos da privatização e da desintegração também para o povo brasileiro e para a própria empresa.

Segundo o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), Eduardo Costa Pinto, a atual gestão da Petrobrás chega a ser anticapitalista ao se dedicar a fazer caixa rapidamente prejudicando a integração da empresa e até mesmo sua geração de caixa a médio e longo prazo.

Ainda conforme ele, a venda de ativos da Petrobrás e a desintegração da estatal só se fez necessária para atender à meta de desalavancagem imposta por Pedro Parente à gestão da empresa e mantida por Ivan Monteiro. “Não há dúvidas de que sim, em um certo grau, precisava desalavancar, mas não com essa velocidade. A própria recuperação do preço do petróleo em 2017 e 2018, com a redução dos custos exploratórios da Petrobrás no pré-sal já implicaria uma dinâmica que ia reduzir a desalavancagem quase que naturalmente. Mas, ao impor essa desalavancagem draconiana, Parente forçou a venda de ativos inexoravelmente”.

Seguindo a lógica da política de venda de ativos, a empresa também passou a focar seu negócio na exportação de petróleo bruto, reduzindo a produção de suas refinarias próprias e abrindo o mercado de derivados brasileiro às empresas estrangeiras. Isso elevou o nível de importação de combustíveis e, para que a importação seja interessante ao mercado externo, a Petrobrás pareou da gasolina, diesel e gás de cozinha aos preços ao barril de petróleo.

“A política atual gera desintegração entre a produção e o refino. Então, quando o preço [do petróleo] cai, você desloca para o refino onde ganha uma margem maior. Mas, agora, saindo do refino, a Petrobrás perde essa capacidade e fica cada vez mais vulnerável às exportações de petróleo e ao preço internacional do petróleo [que há três anos, por exemplo, teve uma desvalorização drástica e é, inclusive, uma das causas da crise e do endividamento da Petrobrás]”.

Ele destacou também que as grandes petrolíferas mundiais todas seguem uma tendência de fusões e de integração de seus negócios, justamente com o objetivo de reduzir os riscos. Já a Petrobrás segue na contramão dessa orientação ao focar apenas no petróleo cru. E lembrou ainda do motivo que levou o então presidente Getúlio Vargas a criar a estatal. “A Petrobrás nasce para atender a uma demanda energética e de abastecimento. Ela foi criada justamente para a questão do refino de derivados e para garantir o abastecimento onde não era lucrativo”.

A integração é tão importante que é ela que garante os lucros da própria empresa. No entanto, a gestão isola cada uma unidade para contabilizar os lucros e prejuízos de forma isolada. “A demanda de energia acaba por deixar as termelétricas a gás sem funcionar em boa parte do ano e para eu pará-las sem prejuízo eu preciso dar vazão a esse gás. Então, eu uso o gás nas fábricas de fertilizantes. No entanto, a Petrobrás isola as fábricas e diz que elas estão dando prejuízo. Mas, o menor custo que a Petrobrás tem com as térmicas paradas só possível graças às fábricas de fertilizantes”.

Além de Eduardo Costa Pinto, também estavam à mesa a diretora da FUP e do Sindipetro Unificado de São Paulo, Cibele Vieira; o funcionário da Eletrobrás e diretor do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal, Victor Frota; a conselheira eleita da Transpetro, Fabiana dos Anjos; e o diretor do Sindipetro Norte Fluminense, Antonio Raimundo Teles Santos. Os debates foram mediados pelo diretor do Sindipetro/MG, Felipe Pinheiro.

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