Nossas vidas importam,  acima de qualquer lucro Nossas vidas importam, acima de qualquer lucro

Opinião | 10 de agosto de 2018

Justamente após poucos dias do anúncio do último balanço da Petrobrás, alardeado pela diretoria da empresa e pela imprensa como sinal de recuperação financeira da estatal, a categoria petroleira recebe a notícia de mais uma morte em nossas unidades operacionais. O trabalhador terceirizado Athayde dos Santos Filho, de 57 anos, morreu durante atividade de mergulho na Bacia de Campos (RJ).

Como se não bastasse, no último dia 6, um gravíssimo acidente na Regap tornou ainda maior nossa preocupação e revolta em relação à situação de insegurança de nossos ambientes de trabalho. A ocorrência envolvendo vazamento de ácido sulfúrico no Setor de Utilidades feriu dois empregados terceirizados e um técnico de operação próprio, este último hospitalizado em situação grave.

A categoria petroleira, diariamente exposta ao risco de setores precarizados e sucateados, sabe que estamos vivenciando tragédias anunciadas. A redução de efetivo, o rebaixamento de salários nas contratações, o desmonte do SMS e a falta de manutenção nas unidades são fatores que, quando associados, expõem os trabalhadores a uma verdadeira bomba relógio!

Enquanto as gerências buscam o cumprimento de indicadores a qualquer custo e comemoram uma falsa redução na taxa de acidentes, os trabalhadores vivem o mundo real no chão de fábrica – bem diferente do mundo da lua vivido pelos gestores da empresa.

O que se percebe é que o lucro dos acionistas não está sendo maximizado apenas com a entrega do nosso patrimônio e com altos preços de combustíveis para a população, mas também com a integridade física da nossa força de trabalho. Nossas vidas, ao contrário do que possa parecer para a “gerentada”, valem muito mais do que uma planilha do Excel.