EDITORIAL – Vencer a mentira para combater o ódio EDITORIAL – Vencer a mentira para combater o ódio

Opinião | 26 de outubro de 2018

44512380_1272507476225073_7202592367923167232_nUm aspecto marcante das eleições de 2018 é, sem dúvida, o uso das chamadas fake news. Notícias falsas, viralizadas no submundo das redes sociais, têm sido uma ferramenta eficaz na disputa política. A estratégia, entretanto, tem sido responsável por distorcer o processo eleitoral, especialmente por se valer de sistemas sofisticados de disseminação de (des)informação. Jair Bolsonaro (PSL), como já tem sido denunciado, é quem mais tem se utilizado dessa tática tão baixa, inundando as mídias sociais com mentiras deslavadas.

Se a mentira tem sido tão protagonista nessas eleições, é importante nos lembrarmos de outras tantas falácias e meias verdades disseminadas desde que nos metemos nessa crise. Desde 2013, temos sido bombardeados com uma insistente afirmação: “O PT acabou com o País”. O Partido dos Trabalhadores seria o responsável por todos os grandes males da nossa sociedade, seja por escândalos de corrupção “nunca vistos na história desse País”, seja por ter “quebrado” o Brasil com suas supostas más administrações. Como não lembrar da maior fake news dos últimos anos – “a Petrobrás está quebrada”?

Não podemos nos esquecer de que sofremos um golpe baseado em outra mentira: as tais “pedaladas fiscais”. Todo o processo do impeachment, aliás, não seria possível se não houvesse uma campanha diária de criminalização do PT, baseada em uma narrativa mentirosa e seletiva construída pela Operação Lava Jato. As delações premiadas, por muitas vezes sem provas, sustentaram mentiras que, de tanto faladas, parecem ter se tornado verdade no imaginário popular brasileiro. Por fim, o tal “comandante” dessa “organização criminosa”, alvo de fake news desde a década de 1970, foi preso por outra mentira: o triplex do Guarujá.

O que nos parece é que as elites políticas e econômicas do País, após 4 derrotas nas urnas, tiveram de apelar para a demonização insistente e caluniosa sobre o partido que buscou dar um sopro de dignidade para o povo brasileiro. Entretanto, depois de anos semeando a mentira e a alucinação antipetista, esses setores acabaram colhendo o ódio, personalizado na figura autoritária e repugnante de Bolsonaro.

Hoje, à beira do abismo, aqueles que colaboraram ou se omitiram diante de uma escalada de ódio em nossa sociedade insistem em outra fake news: “as instituições estão funcionando normalmente”. Nossa missão nesse próximo domingo é, apesar dos covardes, seguir lutando para que a nossa democracia não se transforme, de novo, em uma grande mentira.