Editorial: Moro: o juiz-artilheiro Editorial: Moro: o juiz-artilheiro

Opinião | 9 de novembro de 2018

moroImagine uma dura partida de futebol, valendo um título importante. Num jogo tenso e truncado, o resultado se mostra incerto. O árbitro, claramente mal intencionado, passa a relevar jogadas mais duras de uma das equipes e marcar faltas bobas para a outra.

Como se diz no jargão do futebol, o juiz estava comprado. Como uma parte boa da torcida estava do seu lado, o juiz decidiu já logo expulsar o camisa 10 de um dos times, em um lance sem qualquer infração. Na TV, sua atuação imparcial não pareceu incomodar o comentarista de arbitragem: “Segue o jogo!”

Curiosamente, depois de tanto esforço para alterar o resultado da partida pelo apito, o árbitro parece ter tomado gosto pelo jogo. Diante de uma mídia cúmplice e de uma torcida organizada tão fanática, o juiz não pensou duas vezes: largou o apito, roubou a bola e agora também quer fazer gol.

Essa partida maluca, por mais que pareça tão surreal, não é um mero exercício da nossa imaginação. O embarque de Sérgio Moro no projeto político de Jair Bolsonaro é só mais um capítulo de uma longa novela real, recheada de imparcialidades e perseguições jurídicas. Qualquer semelhança com a realidade, portanto, não é mera coincidência.