Editorial: Escola com Partido  (do Bolsonaro) Editorial: Escola com Partido (do Bolsonaro)

Opinião | 14 de novembro de 2018

“Ninguém quer saber de jovem com senso crítico” – esbravejou Jair Bolsonaro em um ato de campanha em julho deste ano. A sinceridade do futuro presidente, apesar de assustadora, sempre nos ajuda a entender melhor seu projeto de sociedade.
O projeto “Escola Sem Partido” faz parte de um leque de propostas capitaneadas por Bolsonaro que pretende “moralizar” o Brasil. Sob o pretexto de garantir “o fim da doutrinação comunista” e preservar “a inocência das crianças”, o “Escola Sem Partido” surge como uma verdadeira polícia ideológica sobre educadoras e educadores do País.

A tática de Bolsonaro não é nada nova: uma mentira é contada várias vezes até se tornar verdade, gerando uma cortina de fumaça sobre os reais problemas do Brasil. No discurso dos defensores da Escola Sem Partido, a escola pública se transformou em um comitê do Partido Comunista, onde as crianças aprendem a ser homossexuais. A realidade, entretanto, é outra e muito bem conhecida por nós: alunos em péssimas condições de estudo, professores mal remunerados, interferência de problemas sociais no ambiente escolar (criminalidade, tráfico de drogas, desigualdade social), etc.

No final das contas, a proposta defendida por Bolsonaro não visa a melhoria na educação das novas gerações, um desejo da grande maioria dos brasileiros. O objetivo é, na verdade, atacar, criminalizar e desmoralizar setores da sociedade que foram identificados como supostos “inimigos da nação”: educadores, artistas, ativistas e militantes sociais.

Inimigo, para Bolsonaro, é qualquer grupo, indivíduo ou entidade que possa fomentar resistência ou pensamento crítico sobre seu projeto autoritário.  A escola cidadã, que ensina para além do currículo formal das disciplinas e faz com que o jovem reflita sobre o mundo em que vive, sempre será um pesadelo para esses tipos de governo.