Editorial: Escola de Chicago: ideologia neoliberal que faz mal ao Brasil Editorial: Escola de Chicago: ideologia neoliberal que faz mal ao Brasil

Opinião | 30 de novembro de 2018

“A questão ideológica é tão, ou mais grave, que a corrupção no Brasil”, afirmou Jair Bolsonaro em uma de suas declarações nas redes sociais, ainda no período de campanha eleitoral. O futuro presidente repete, assim, um velho mantra da direita brasileira: quem tem ideologia é a esquerda. E ideologia é coisa do capeta, “taoquêi”?

Essa tática de demonização da esquerda é tão antiga quanto a luta de classes. Bolsonaro e sua trupe lunática buscam deslegitimar o projeto político da esquerda, que historicamente está associado às lutas populares e às demandas dos mais oprimidos. Parece uma coisa meio ultrapassada, mas a estratégia é meio fascista mesmo, já que alimenta a ideia de combate a um suposto inimigo comum da nação. O grande responsável pelos problemas do nosso País, portanto, seriam os tais “petistas corruptos comedores de criancinhas e criadores do kit gay”. A mesma ladainha é usada por Bolsonaro para justificar suas escolhas para a composição de sua equipe no novo governo. As indicações para ministérios e estatais seriam meramente técnicas e não ideológicas, como fizeram os “petistas”.

Seria então Sérgio Moro uma escolha meramente técnica? E o novo chanceler que quer libertar o Itamaraty do “marxismo cultural”? Não estaríamos assistindo ao “aparelhamento” do Estado pela tal “Escola de Chicago”? No final das contas, concordamos com Vossa Excelência, futuro presidente. Nós, petroleiras e petroleiros, já vimos e sentimos na pele o quanto a questão ideológica pode ser tão, ou mais grave, que a corrupção na Petrobrás. Governos com forte influência ideológica neoliberal, como Collor, Fernando Henrique Cardoso, Temer e Bolsonaro, fizeram e farão de tudo para destruir e entregar nosso patrimônio aos estrangeiros e retirar direitos dos trabalhadores.

Roberto Castello Branco, indicado por Bolsonaro para assumir a presidência da Petrobrás, completa o forte time ultraliberal montado pelo “Posto Ipiranga” Paulo Guedes. O sinal dado para a categoria petroleira, portanto, é bem claro: com essa ideologia, teremos mais alguns anos sem sossego. Em nosso favor, entretanto, ficamos com uma lembrança mais recente: o último “chicago boy” que se meteu conosco, pediu pra sair.