Opinião: Treinamento militar na RLam: soberania nacional ou garantia da entrega do patrimônio brasileiro? Opinião: Treinamento militar na RLam: soberania nacional ou garantia da entrega do patrimônio brasileiro?

Opinião | 30 de novembro de 2018

Por Alexandre Finamori, diretor da FUP e do Sindipetro/MG“Entre os dias 19 a 23 de novembro, ocorreram treinamentos militares na Refinaria Landulpho Alves (RLam), localizada no município de São Francisco do Conde, na Bahia. Claro que a Petrobrás e suas refinarias são de extrema importância estratégica, logo, entendo a necessidade de militares treinados para defender esse grande patrimônio brasileiro.

O que me deixa intrigado é a escolha de uma refinaria que está dentro do projeto de privatização (desinvestimentos, reposicionamento ou qualquer outro nome bonito que os gestores gostam de colocar). Seriam treinamentos para garantir a soberania nacional ou para garantir a execução da privatização da Petrobrás?

Se o Exército for realmente brasileiro, como a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais foi realmente mineira em 1999, no episódio de tentativa de privatização da usina de Furnas, vai atuar junto com os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás e com 78% da população que é contra a venda dessa empresa para estrangeiros [1].

Mas, caso a Escola de Chicago esteja no comando também do Exército brasileiro, problemas que são inerentes à intervenção de forças militares contra interesses da população acontecerão. Como exemplo, lembremos da greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na década de 80. No dia 4 de novembro de 1988, os trabalhadores da CSN decidiram entrar em greve e, no dia 7 de novembro, a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda promoveu a ocupação da empresa para paralisar as atividades. No dia 9 do mesmo mês, o Exército e a PM invadiram a unidade.

Em meio à ação militar, três operários foram mortos. A greve ainda se prorrogou e somente finalizou no dia 24 de novembro com parte das reivindicações dos trabalhadores atendidas. Devido à repressão do Exército, a greve de 1988 ficou conhecida como “o Massacre de Volta Redonda”.
Mesmo com todas as contradições, a relação histórica dos militares com a Petrobrás é de proteção a esse setor estratégico – não é a toa que seis refinarias foram inauguradas durante o período militar. O problema é que não só nosso petróleo está em disputa, estão também nossas instituições, dentre elas o próprio Exército Brasileiro.

Com a aplicação do modelo econômico privatista em curso no Brasil, o Exército, força coercitiva do Estado, será convocado para trabalhar para quem o Estado estiver trabalhando, ou seja, para os estrangeiros.
Por isso, a preocupação com treinamentos militares em bases que estão em projeto de privatização. Nós, trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás vamos defender o patrimônio nacional, isso é certeza. A dúvida é somente se esse processo será com o apoio do Exército Nacional ou contra um “Exército Estrangeirado”. Defender a Petrobrás é defender o Brasil!”