Editorial: Foi difícil, mas resistimos! Editorial: Foi difícil, mas resistimos!

Opinião | 21 de dezembro de 2018

Nessa mania nossa de pensar em retrospectivas no mês de dezembro, muitos devem estar pensando agora: um ano que começa com a prisão do Lula e termina com a eleição do Bolsonaro não pode ser um ano bom para a categoria petroleira. Mas e aí? 2018 foi mesmo esse “7 a 1” todo?
Começamos o ano aprovando a renovação quase completa de nosso Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) por dois anos, após uma intensa e arrastada negociação. Embora se tratasse de uma vitória importante, nossa perspectiva era de um ano de guerra contra o rolo compressor privatizante de Michel Temer e Pedro Parente. Era difícil acreditar que conseguiríamos resistir a um futuro tão incerto!

Com a iminência da privatização de vários setores, especialmente no refino, nós nos perguntávamos: Como lutar contra um governo tão hostil? Que tipo de mobilização seria mais eficaz? Como trazer a sociedade para o nosso lado? Talvez nunca imaginaríamos que a crise dos combustíveis poderia dar uma oportunidade única para a nossa categoria.

A greve dos petroleiros de maio de 2018, impulsionada pelo histórico movimento dos caminhoneiros, não só marcou o ano como também nossa história. A queda de Pedro Parente, comemorada intensamente pela categoria, coroou um intenso processo de mobilização, com destaque para a aguerrida atuação dos grevistas mineiros.

A greve, portanto, simbolizou bem o que são esses novos tempos vividos por essa geração de petroleiros. Mostrou para nós mesmos que o caminho vitorioso é o da luta, da unidade e do diálogo com a sociedade. Entretanto, também nos mostrou o quanto o lado de lá está disposto a nos desestabilizar – seja com multas milionárias impostas pela (in)Justiça, seja com punições pelos carrascos de plantão.

Se o fantasma da privatização exigiu tamanha resistência da categoria, um outro pesadelo também voltou a atormentar nossa base: os grandes acidentes. Em 2018, assistimos ao retorno dessa que talvez seja a face mais cruel do processo de sucateamento e entrega da Petrobrás.
Em Minas, o gravíssimo acidente no setor de Utilidades da Regap é um exemplo claro de como o descaso da gestão da Petrobrás pode se tornar uma ameaça real à nossa vida. Certamente, o debate sobre a (in)segurança nas unidades se tornará ainda mais prioritário em 2019, justamente para que não vivenciemos novas tragédias, tão anunciadas quanto aquelas da década de 1990.

O último ano, portanto, foi somente mais um capítulo dessa crise social e política interminável, gestada e gerida por um golpe profundo que ainda machuca nossa democracia.
Como em outros momentos da história, retrocessos políticos têm gerado consequências graves para o dia a dia de petroleiras e petroleiros, com claro prejuízo para nossas condições de trabalho, para a manutenção dos nossos empregos e para a garantia de direitos, como a Petros, a AMS e a PLR. Mas, se 2019 promete ser ainda mais difícil, 2018 nos mostrou que nada é impossível.