Conselho da Petrobrás é aparelhado para atender a privatizações Conselho da Petrobrás é aparelhado para atender a privatizações

Diversos, Notícias, Tribuna Livre, Novidades, Política | 18 de janeiro de 2019

petrobras_saleNa tentativa de aparelhar a administração da Petrobrás aos objetivos do novo presidente Roberto Castello Branco, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) indicou três novos membros para o Conselho de Administração da companhia. Uma das hipóteses mais provável, segundo o conselheiro eleito Danilo Silva, é criar condições para as privatizações.

“A princípio me parece uma estratégia muito clara de criar um ambiente favorável para a venda de ativos e redução do tamanho da Petrobrás, principalmente na área do refino”, destacou o representante dos trabalhadores no Conselho.

Foram indicados almirante de esquadra e até então comandante da Marinha, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, para a presidência do Conselho; o geólogo e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, John Milne Albuquerque Forman; e o economista e ex-presidente da Claro, João Cox. Eles deverão substituir Luiz Nelson Carvalho, Francisco Petros e Durval José Soledade Santos – que renunciaram ao cargo.

Segundo Danilo Silva, a indicação que mais causou estranheza foi a do geólogo John Forman. Isso porque ele já foi condenado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por uso de informação privilegiada na venda de ações da petroleira HRT (conhecida como PetroRio). A repercussão acabou por levá-lo à renúncia ao cargo na última terça-feira (15).

Em nota, a Petrobrás informou que recebeu carta de renúncia do indicado. “Forman agradeceu o convite para participar do Conselho de Administração e informou que as razões para tal decisão são de ordem pessoal, visando evitar qualquer tipo de constrangimento ou problema para a companhia, considerando as notícias veiculadas na imprensa, desde a sua indicação, sobre condenação em processo na CVM, que se encontra atualmente em discussão no judiciário”.

Outra dúvida é em relação à postura que será adotada pelo presidente do Conselho, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira. “Historicamente, quadros da Marinha e da Aeronáutica sempre estiveram mais alinhados ao nacionalismo e à preservação dos bens públicos, principalmente na área do petróleo. Então, é preciso ver se ele estará do lado do povo brasileiro ou se será um ponto fora da curva”.

Em comunicado oficial, a estatal informou que: “as referidas indicações ainda serão submetidas aos procedimentos de governança corporativa da Petrobrás, incluindo as respectivas análises de conformidade e integridade requeridas pelo processo sucessório da companhia, com apreciação pelo Comitê de Indicação, Remuneração e Sucessão, e pelo Conselho de Administração e, posteriormente, pela Assembleia Geral de Acionistas”.

Ainda na mesma nota, o presidente da Petrobras afirmou que as modificações na administração da companhia refletem “a nova orientação” para a empresa. “Foi um ciclo que se encerrou. Uma nova era se inicia com uma visão estratégica de longo prazo e objetivo de geração de valor para os acionistas e para o Brasil”, disse.

Cessão onerosa

Outra hipótese é de que a nova composição do Conselho tenha sido pensada de forma a atuar juntamente com o Ministério de Minas de Energia, que será comandado pelo almirante Bento Albuquerque. Segundo informações do jornal Valor Econômico, uma das pautas que deve ser colocada em breve e que o governo Bolsonaro teria interesse em garantir a maioria dos votos no Conselho seria a redução do valor pago à Petrobrás pela revisão do contrato de cessão onerosa. Ainda conforme o jornal, diante da crise fiscal no Brasil, o ministro da Economia Paulo Guedes estaria intencionando reduzir o montante a ser pago à estatal.