Meritocracia no olho dos outros é refresco! Meritocracia no olho dos outros é refresco!

Opinião | 18 de janeiro de 2019

selecao-bolsonaroEm poucas semanas de governo já parece explícita a contradição entre o discurso (hipócrita) e a prática de Jair Bolsonaro. O governo que acabaria com a tal “mamata”, em referência ao que era tratado como “aparelhamento do Estado” e “toma lá dá cá”, tratou de distribuir cargos a aliados e amigos por critérios não necessariamente considerados “meritocráticos” ou “técnicos”.

As indicações envolvendo um amigo pessoal do atual presidente para uma gerência da Petrobrás, assim como a decisão de promover o filho do vice-presidente, Hamilton Mourão, para o alto escalão do Banco do Brasil, simbolizam bem o quanto a demagogia do período eleitoral tem perna curta. Mas, para além do estelionato eleitoral de Bolsonaro e sua equipe, é importante refletirmos sobre essa tal da meritocracia.

Hoje, com a responsabilidade de governar o País e responder à altíssima expectativa por melhorias para a população, Bolsonaro tem visto que meritocracia nos olhos dos outros é refresco. Aquele que bradava aos quatro ventos contra indicações “políticas” e “ideológicas”, hoje usa como principal critério de indicação o alinhamento político-ideológico de seu staff. É natural que Jair Bolsonaro e Roberto Castello Branco busquem quadros de confiança política para cargos estratégicos em suas gestões.

Mas, quando desconsideram a necessidade mínima de qualificação ou passam por cima de procedimentos internos, demonstram total desrespeito ao bem público e à população brasileira. No final das contas, o PCR – tão aclamado como uma nova era meritocrática na Petrobrás – foi completamente esculhambado para garantir a promoção de um amigo de Jair Bolsonaro. Quando vemos até onde vai o compromisso dos poderosos com essa tal da meritocracia, cabe a nós repensarmos até onde essa ladainha faz sentido.