Unidade entre trabalhadores marca Ato Nacional no Paraná contra as privatizações no Sistema Petrobras Unidade entre trabalhadores marca Ato Nacional no Paraná contra as privatizações no Sistema Petrobras

Notícias | 18 de outubro de 2021

Em atos realizados nesta quinta (14) e sexta (15), dirigentes da FUP enfatizaram impactos do desmonte do Sistema Petrobrás, como a disparada do preço dos combustíveis e a dependência da importação de fertilizantes

[Da imprensa do Sindipetro PR e SC , com edição da FUP| Fotos: Gibran Mendes (Repar) e Juce Lopes (SIX)]

A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária-PR, recebeu na manhã de quinta-feira (14) mais um ato da Caravana Nacional Contra as Privatizações e Precarização das Condições de Trabalho na Petrobrás, organizada pela FUP, FNP e sindicatos filiados. Já houve manifestações na Refap (RS), na Reman (AM), na Refinaria Abreu e Lima (PE), na Replan (SP), na Recap (SP), na Regap (MG), em Mossoró (RN), na Rlam (BA) e na Reduc (RJ).

Nesta sexta, 15, o ato foi realizado na Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, também no Paraná. No dia 29 de outubro, a caravana chega ao COMPERJ, em Itaboraí (RJ).

Os atos na Repar e na SIX reuniram petroleiros próprios e terceirizados de várias regiões do país, além de representantes de movimentos sociais e parlamentares. Deivyd Bacelar, coordenador da FUP, destacou a importância da caravana e da unidade da categoria na resistência contra as privatizações. “Nos atos que realizamos em todo o Brasil, passamos desde a Rlam (Bahia) até a Refap (Rio Grande do Sul), falamos sobre esse processo de privatização que faz mal ao país, que retira a riqueza das mãos do povo para transferir ao capital financeiro internacional. Se a Repar ainda não foi vendida é por causa da resistência e luta que vêm sendo feitas nas portas das fábricas, com os trabalhadores demonstrando que são contrários à privatização e à precarização”.

presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Alexandro Guilherme Jorge, anfitrião desta edição do protesto, ressaltou a importância da unidade da classe trabalhadora. “Sabe quando não tem diferença de cor de crachá ou de uniforme? É quando você não tem emprego. Você vai fazer o que for preciso para dar sustento para a sua família. A nossa unidade tem que ser para termos trabalho e dignidade. Por isso a gente enfrenta e faz o que for preciso. Nossa luta é para que melhore para todo mundo junto. É por isso que tenho muito orgulho de estar lado a lado de vocês em qualquer frente de batalha por dignidade e trabalho”.

A luta por dignidade também esteve na fala de Adaedson Costa, secretário geral da FNP e diretor do Sindipetro Litoral Paulista. “Temos que perceber que nossa dignidade está sendo atacada. Não apenas do empregado próprio, como do contratado, pois somos todos petroleiros e trabalhadores desse Brasil. Vejam o que está acontecendo. A Petrobrás antecipou o pagamento de R$ 32 bilhões em dividendos para acionistas. Na pandemia, enquanto muitos perderam empregos, aumentou o número de bilionários no país. Tem algo errado acontecendo, pois poucos estão ficando mais ricos e nós, trabalhadores que produzimos as riquezas, estamos cada vez mais achacados”, protestou.

Gerson Castellano, diretor da FUP e do Sindiquímica-PR, chamou atenção para os impactos das privatizações e do fechamento de unidades da Petrobrás, como a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados, que está localizada no mesmo complexo da Repar, em Araucária. “Quando fecharam a Fafen Paraná, todos foram demitidos. Tinham mil pessoas ali dentro, hoje são apenas cinquenta. Em parada de manutenção, a unidade empregava quase cinco mil e olha a situação que está hoje. Tudo é fruto daqueles vinte centavos da passagem do transporte coletivo lá de 2013. Saímos da situação de pleno emprego para termos quase 20 milhões de desempregados e desalentados. O salário médio de terceirizado lá atrás que era de R$ 2,5 mil, atualmente está em R$ 1,2 mil porque tem muito desempregado. Quem tem um filho pedindo um tênis, um caderno, vai trabalhar pelo valor que tem disponível no mercado”.

Exemplos sobre a precarização das condições de trabalho causada pela terceirização irrestrita foram citados pelo secretário nacional de comunicação da CUT, Roni Barbosa, que também é diretor do Sindipetro PR e SC. “Alguns acontecimentos recentes por aqui são marcantes. Cerca de 150 trabalhadores da empresa GE que prestavam serviços na Repar, foram demitidos e não receberam nada da rescisão do contrato de trabalho. A mesma coisa está acontecendo com a Método Potencial, que tinha 270 trabalhadores em atuação na refinaria, mas já demitiu 150, não pagou os direitos trabalhistas e atrasou os salários dos 120 que ficaram. Tínhamos uma cláusula no ACT dos petroleiros que garantia a retenção de um valor do contrato de prestação de serviço para pelo menos pagar os direitos rescisórios dos trabalhadores. Agora os trabalhadores estão chamando a Petrobrás na Justiça e a empresa está simplesmente lavando as mãos. Precisamos reagir antes do calote acontecer, porque a Petrobrás também tem responsabilidade”, afirmou.

Confira depoimentos de outras lideranças que participaram do ato:

Anselmo Braga, diretor da FUP e do Sindipetro Minas Gerais – “Essa luta é contra as privatizações da Petrobrás, contra as mortes que vem acontecendo na companhia e contra o fechamento das Fafens (Fábricas de Fertilizantes). É importante lembrar que essa gestão que está desmontando a Petrobrás é a mesma que matou 600 mil brasileiros. É a mesma gestão que está vendendo as refinarias e que não conseguiu comprar vacinas. É contra esse governo que temos nos posicionar. Estamos dispostos a cruzar os braços contra esse governo, não apenas em defesa da Petrobrás, mas em defesa de todos os trabalhadores”.

Vereadora Professora Josete (PT Curitiba) – “Infelizmente tivemos um golpe comandado pelo grande capital e a Petrobrás não ficou isolada dessa lógica. Hoje essa luta é muito importante, porque essa é uma empresa estratégica. Os preços dos combustíveis poderiam sim ser regulados, se o interesse não fosse só garantir o lucro dos acionistas. Poderíamos ter um preço justo. As pessoas voltaram a cozinhar à lenha, com álcool e sofrendo acidentes por causa disso, porque não tem condições de comprar um botijão que está custando mais de R$ 100. Temos que nos mobilizar para retomar toda a força que a Petrobrás tem e que essas riquezas geradas pelo trabalho de todos aqui, terceirizados ou próprios, sejam convertidas em benefício de toda a população”.

Thales Zaboroski, presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE) – “Não é de hoje que a nossa Petrobrás e as nossas riquezas vêm sofrendo os ataques. Isso acontece desde o golpe de 2016. Estamos ficando cada vez mais precarizados e Bolsonaro e sua trupe nos deixaram em condição ainda pior. A nossa missão é convencer cada brasileiro de que se a Petrobras for privatizada o Brasil vai à falência. Quem vai perder é o povo brasileiro. Precisamos dizer que a Petrobrás fica e quem sai é o Bolsonaro. Vamos retomar a campanha o petróleo é nosso e a destinação dos royalties para a educação e a saúde”.

Tezeu Freitas Bezerra, coordenador do Sindipetro Norte Fluminense – “A realidade nas plataformas é a mesma daqui. Os trabalhadores estão ganhando um salário mínimo. Essa não era a realidade há um tempo atrás. A vida do povo tem piorado. A lava jato foi uma grande farsa e fez parte do golpe. É por isso que hoje amargamos falta de comida, de emprego, de dignidade e de moradia”.

Edson Bagnara, da coordenação estadual do MST – “A Petrobrás ainda pertence ao povo brasileiro por causa da luta da categoria petroleira. Temos uma conjuntura desfavorável para a classe trabalhadora desde o golpe de 2016. Nesse momento estamos com um governo que tem feito de tudo para dividir ainda mais os trabalhadores, incentivar a violência e fazer com que os ricos ganhem e acumulem muito mais. Vale lembrar que neste ano entraram para a lista dos mais ricos do mundo 40 brasileiros, enquanto mais de metade da população enfrente problemas com falta de alimentação. São contradições de uma sociedade que está sendo decomposta por esse governo Bolsonaro”.

Márcio Kieller, presidente da CUT Paraná – “O país está numa encruzilhada que tentam nos dividir e disputam os símbolos que sempre foram nossos. Os atos dos movimentos sociais têm avançado nessa discussão. Temos visto aqui mais bandeiras verde e amarelas. A extrema direita, além de se apropriar da nossa bandeira, não tem nada mais para oferecer do que o neoliberalismo e o estado mínimo. Bolsonaro nada mais é que um animador de picadeiro para que os empresários explorem cada vez mais os trabalhadores e o patrimônio público nacional. Nossa resistência para evitar a entrega da Petrobrás, dos bancos públicos e dos Correios tem que ser já”.