Degradação das condições de trabalho na Regap é alarmante Degradação das condições de trabalho na Regap é alarmante

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 17 de fevereiro de 2022

É obrigação da gerência local reverter o cenário de sucateamento da refinaria, investindo na qualificação de pessoas e na manutenção dos equipamentos, de forma a garantir o melhor funcionamento


por Sindipetro/MG

 

Mesmo após inúmeras denúncias realizadas pela categoria petroleira, a unidade de hidrotratamento (HDT) da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim/MG, continua submetendo as trabalhadoras e trabalhadores a condições impróprias para o trabalho. Nos últimos 45 dias foram sete relatos de falhas por trip, culminando em, aproximadamente, 15 dias de paralisação do Diesel 2 – unidade de maior produção de diesel da refinaria. Essa parada de produção coloca em risco o abastecimento de Diesel para o mercado mineiro.

Para o coordenador geral do Sindipetro/MG, Alexandre Finamori, a constância das ocorrências se deve a forma inadequada que são sujeitadas as paradas de manutenção e as demais manutenções preventivas e corretivas realizadas na refinaria. Para além disso, o sucateamento da refinaria, com a finalidade de sua privatização, tem causado diversos problemas operacionais que colocam em risco a saúde e a vida da categoria petroleira e dos trabalhadores terceirizados.

“A redução de trabalhadores por setor, a redução de manutenções e o sucateamento dos equipamentos da Petrobrás, são práticas que precedem a sua privatização. Essas situações, são como bombas-relógio, que ameaçam os trabalhadores e toda a comunidade do entorno da Regap.” aponta Alexandre Finamori. O coordenador do Sindipetro/MG também lembrou do assassinato provocado pela Vale em Brumadinho e Mariana, além do crime ambiental provocado pela Imetame Energia, nessa semana, no Espírito Santo. 

“Essa mesma fórmula que está sendo aplicada na Regap, foi também aplicada na privatização da Vale, resultando nos crimes em Brumadinho e Mariana. Agora vemos a Petrobrás aplicá-la e já sofremos com as suas consequências. Essa semana, em Linhares/ES, o Polo Lagoa Parda, vendido pela Petrobrás em 2020, foi responsável por um vazamento de óleo na lagoa, destruindo o meio ambiente local. Essa lógica de lucro máximo é assassina!” enfatizou Alexandre Finamori.

 

Equipamentos em péssimas condições

Durante esta semana, o Sindipetro/MG recebeu uma denúncia que relata diversos problemas nos equipamentos do HDT. Entre os problemas relatados estão as válvulas 409PV225, agarrada na posição de abertura; as XV’s do reformador, que nunca indicam; há também uma falha no trip mecânico do 409TK02.

Além desses problemas, foram indicadas falhas em equipamentos na U310. Entre eles, está a falha de vedação das XV’s do V2/V03, sendo que a falha de fechamento da XV do 310V2 provoca uma ação de bloqueio manual das LV41A/B, que são válvulas grandes e que sobrecarregam a atuação dos operadores durante as emergências. Também há relatos da falta de 310PV99 e a ausência do 310K02 reserva.  Por fim, a 310FV07 está dando passagem e com válvula alta, dificultando o acesso ao volante direito e não oferece nenhuma ergonomia durante o fechamento da válvula.

A ausência de iluminação no topo do F-02 e de acesso para rearmar o trip, além do calor absurdo, têm dificultado o trabalho dos petroleiros no 409TK02. Para piorar a situação, os planos no painel local da máquina para acessar a plataforma estão cheios de linhas finas de óleo de lubrificação e de partes quentes.

Somando todos esses problemas ainda existe o fantasma da redução do número mínimo. Os operadores que estão indo ao trabalho não sabem se vão ficar sozinhos na área durante uma emergência ou se o número mínimo correto será cumprido pela gerência. O Sindipetro/MG destaca a urgência para que a gerência geral jogue luz sobre esses problemas recorrentes nas unidades operacionais, pois o acúmulo dos problemas, e a inércia da gerência, podem provocar algo ainda pior.

 

Precarização é projeto privatista

O Sindipetro/MG vem denunciando há algum tempo o sucateamento dos equipamentos e a precarização do trabalho na Refinaria Gabriel Passo (Regap). Essas condições também são encontradas em outras unidades que a Petrobrás pretende vender ao capital internacional. Se o projeto for levado adiante, as péssimas condições de trabalho, denunciadas na Regap, podem se transformar em tragédias para a categoria e a população local.

Nessa semana, o vazamento de óleo na lagoa de Linhares, no Espírito Santo, de responsabilidade da empresa Imetame Energia, exemplifica os riscos da privatização da Petrobrás. O Polo Lagoa Parda, local onde ocorreu o vazamento, foi vendido pela Petrobrás em 2020 e a situação evidencia as consequências da ganância pelo lucro, que coloca o dinheiro acima do meio ambiente e das pessoas.

Não deixemos que o mesmo ocorra com a Regap! É obrigação da gerência local reverter o cenário de sucateamento da refinaria, investindo na qualificação de pessoas e na manutenção dos equipamentos, de forma a garantir o melhor funcionamento. Também é obrigação da Petrobrás defender os interesses nacionais, garantindo a qualidade de vida de todos os brasileiros. Basta de sucateamento e terceirização na Regap. Defender a Petrobrás, é defender o Brasil!