Mulheres são as mais impactadas pela fome, desemprego e privatizações Mulheres são as mais impactadas pela fome, desemprego e privatizações

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 7 de março de 2022

O desemprego em massa causado pela venda e fechamento de unidades do Sistema Petrobrás e pelas privatizações e desmonte de outras empresas públicas, como a Eletrobrás, impactam ainda mais as mulheres. Segundo o IBGE, 9 em cada 10 famílias com filhos de até 14 anos de idade que só contam com um único provedor são chefiadas por mulheres.

Nos três anos de governo Bolsonaro, a gestão da Petrobrás reajustou o preço dos combustíveis cinco vezes acima da inflação acumulada no período. Para aumentar o lucro dos acionistas privados, o governo pratica preços de importação (PPI) para o gás de cozinha, a gasolina e o diesel produzidos no Brasil, o que fez explodir o custo da cesta básica e de tudo que é impactado pelos transportes. Em três anos, o gás de cozinha subiu 100,1%, sendo vendido a mais de R$ 130,00 em várias cidades do país.

O peso disso é ainda maior para as famílias chefiadas por mulheres e que vivem em situação de vulnerabilidade social. O Inquérito Nacional sobre Relatório Global de Gênero divulgado em 2021 pelo Fórum Econômico Mundial aponta que o Brasil despencou 26 posições no ranking que avalia a igualdade de gênero a partir de indicadores sociais de 156 nações. O Brasil, que chegou a ocupar a 67ª posição em 2006, caiu para 93º lugar, em 2020, o que reflete os retrocessos que o país vem vivendo nos últimos anos e que foram drasticamente intensificados no governo Bolsonaro.

“Antipolítica de gênero”

Com uma pauta ultraconservadora e um modus operandi que beira o fascismo, o governo pratica o que os estudiosos classificam como uma “antipolítica de gênero”. Isso se traduz nos cortes orçamentários e na subutilização de recursos públicos para políticas voltadas para as mulheres, bem como na instrumentalização dos órgãos e canais do governo federal para constranger e inviabilizar programas de defesa dos direitos humanos, sobretudo os que tenham por foco a promoção da igualdade de gênero e o respeito à diversidade sexual.

No governo Bolsonaro, as políticas públicas destinadas às mulheres tiveram um corte de 33% no orçamento deste ano. O programa Casa da Mulher Brasileira, que promove uma rede de proteção e atendimento humanizado às vítimas de violência doméstica, sofreu uma redução de 70% em seu orçamento. Essa tem sido a marca do governo Bolsonaro. O Ministério Público Federal investigou denúncias feitas pela bancada feminina do PT na Câmara dos Deputados e constatou que em 2020, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) utilizou apenas 44% do seu orçamento, o que impactou uma série de programas de proteção social e combate à violência de gênero.

“Desde o início do governo Bolsonaro, houve um incentivo deliberado à redução do protagonismo das mulheres, tratadas por ele como resultado de uma fraquejada. A emancipação das mulheres e nem mesmo as nossas vidas interessam a este governo”, alerta a diretora da FUP Cibele Vieira. “É altamente necessário que a gente eleja candidatos progressistas para que possamos interromper o avanço desse pensamento ultraconservador e fascista, que silencia e restringe as mulheres aos espaços domésticos e criminaliza as que lutam”, declara.

Fonte: Jornal Mulheres Petroleiras (Março/22)