Por que os preços dos combustíveis não param de subir e quais as perspectivas para o futuro? Por que os preços dos combustíveis não param de subir e quais as perspectivas para o futuro?

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 24 de março de 2022

Em video: BdF Explica os motivos da alta da gasolina e do diesel


por Nara Lacerda | Brasil de Fato

 

Nos próximos meses, o preço dos combustíveis no Brasil deve seguir estrangulando a renda das famílias e pode causar impactos ainda mais significativos na inflação. O reajuste mais recente na refinarias, aumentou os valores do diesel em 24,9%, da gasolina em 18,8% e do gás de cozinha em 16%.

Por trás dessa alta e de todas as outras registradas no ano passado estão fatores diversos, ligados à conjuntura internacional e aos caminhos políticos e econômicos tomado pelo país nos últimos anos. O BdF Explica (clique no vídeo abaixo) quais são esses fatores e os impactos que eles exercem no orçamento da população.

 

Política de preços

Em 2016, após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, o governo de Michel Temer definiu que a política de preços da Petrobrás passaria por mudanças. A estatal estabeleceu então que os valores dos derivados de petróleo iriam acompanhar o mercado internacional.

A Preço de Paridade Internacional (PPI) submete o que é cobrado nas refinarias brasileiras aos valores globais do barril do petróleo, praticados em dólar. A intenção da mudança era aumentar os lucros da Petrobrás (beneficiando acionistas) e diminuir o endividamento da estatal.

Para isso, a empresa deixou de controlar o preço dos combustíveis internamente. As novas regras também previam reajustes, no mínimo, mensais.

 

ICMS

No discurso do presidente Jair Bolsonaro, os grandes vilões do aumento dos combustíveis sãos os estados brasileiros a quem acusa de usarem a cobrança do ICMS para aumentar a arrecadação.

Embora Bolsonaro acuse os governadores de “sanha arrecadatória”, estes decidiram congelar o tributo em novembro e, nesta semana, o congelamento foi prorrogado por mais 90 dias.

Ainda assim a Petrobrás anunciou o maior reajuste em um ano nos combustíveis.

O Congresso Nacional aprovou um projeto de lei que unifica a cobrança em todo o território nacional. O texto já foi sancionado por Bolsonaro, e não terá efeito imediato.

Mas será de pouco efeito: a previsão é de que o impacto na queda do preço da gasolina seja de apenas 60 centavos, e do diesel, de 30 centavos.

 

Rússia e Ucrânia

Com o preço da gasolina e do diesel atrelados diretamente às variações do dólar e do mercado internacional, as crises internacionais têm efeito quase que imediato no mercado brasileiro.
A guerra entre Rússia e Ucrânia elevou o valor do barril de petróleo.

Após a invasão ao território ucraniano, União Europeia e Estados Unidos definiram sanções ao gás e ao petróleo exportados pela Rússia, segunda maior produtora do mundo. Com menos oferta no mercado, os preços subiram.

Frente a todos os fatores desse cenário e ao reajuste mais recente anunciado pela Petrobrás, o mercado já prevê que o reajuste mais recente determinado pela Petrobrás terá impacto de até 0,6 ponto percentual na inflação do ano.

Atualmente, o preço médio da gasolina está acima de R$ 7 por litro em 24 dos 27 estados brasileiros. O litro do diesel custa mais de R$ 6 em 26 unidades da federação. Já o botijão de gás de 13 kg ultrapassou R$ 100 em todas as regiões do país.

Edição: Rodrigo Durão Coelho