Educadoras e educadores cobram piso e nomeação de concursados Educadoras e educadores cobram piso e nomeação de concursados

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 9 de junho de 2022

Categoria paralisa as atividades, realizam manifestação na Cidade Administrativa e participa de audiência pública na Assembleia Legislativa


por Rogério Hilário, com informações do Sind-UTE/MG e da ALMG | Editado por: Rogério Hilário, com informações do Sind-UTE/MG e ALMG

LUIZ ROCHA/SIND-UTE/MG

Educadores e educadores da rede estadual, sob coordenação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), paralisaram as atividades e realizaram manifestação na Cidade Administrativa para cobrar do governo do Estado o pagamento dos reajustes do piso salarial e a realização de concursos públicos. No ato, a categoria contou com o apoio do presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira, e de toda a base CUTista.

Após a manifestação, trabalhadoras e trabalhadoras se dirigiram para Assembleia Legislativa (ALMG) para participar de audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, requerida pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), e cobrar do governo de Romeu Zema (Novo) a retomada da nomeação dos concursados aprovados no Edital SEE nº 7/2017 e a apresentação do cronograma de nomeações para os cargos vagos existentes

Desde 2019, o Sind-UTE/MG tem apresentado essas reivindicações ao governo Zema e nenhuma política de valorização salarial e de aumento do número de servidores/as com vínculo efetivo na Rede foi apresentada. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) definiu como inconstitucional a forma de contratação de profissionais para o exercício das funções do Magistério no âmbito da Rede Estadual de Educação.

Para o Sindicato, o governo Zema, ao manter a lógica empresarial com a diminuição do Estado e a lentidão no processo de nomeações dos aprovados no Edital SEE nº 7/2017, coloca em risco de desemprego os mais de 130 mil profissionais da Educação que possuem vínculo precário de trabalho. O Sind-UTE/MG tem cobrado do governo Zema a nomeação imediata dos 27.085 aprovados no concurso, mas não há celeridade para garantir a efetivação do processo.

“Sempre teremos contratação temporária, o problema é que o governo do Estado tem feito do que é excepcional uma regra, ocupando cargos vagos sem concurso aí realizar contratações previsíveis. É preciso mudar essa lógica administrativa executando nomeações e realizando concursos públicos, cumprindo orientação do STF e a Lei 23750/20, que determina concurso público para cargos vagos. Mas o Estado continua descumprindo preceitos com convocação sem concurso”, disse a deputada estadual Beatriz Cerqueira durante abertura da audiência.

“0 Judiciário, por três vezes, disse que está forma que o Estado está agindo é irregular. Por isso chegamos a esta audiência: para que Estado apresente planejamento de nomeações de concursados do Edital de 2017, o planejamento de novos concursos e a situação dos convocados pelo governo, ameaçados de terem contrato rompido. A ausência de informações é desgastante”.

 

Conquista

Só a luta garante conquista. E foi, mais uma vez a luta do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), com o apoio imprescindível da deputada estadual Beatriz Cerqueira, e a pressão da categoria que fizeram o governo do Estado anunciar a nomeação de mais 2 mil servidores e servidoras da educação.

Durante audiência pública realizada a requerimento de Beatriz Cerqueira, nessa terça-feira (7/6/22) na Assembleia Legislativa, na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, a categoria marcou presença mais uma vez e cobrou do governo de Minas, além das nomeações de todas as vagas do concurso de 2017, também o pagamento do Piso Salarial.

A audiência pública solicitada pela presidenta da Comissão teve o objetivo de dizer ao governo do Estado que é preciso a definir urgentemente o cronograma de nomeações dos concursados, bem como resolver a situação dos mais de 80 mil contratos e contratadas precariamente para os cargos vagos no magistério.

A nomeação anunciada de 1030 servidores da educação,  nesta quinta-feira, 9 de junho, e outros 1 mil até o final deste mês, é fruto de uma luta intensa da categoria, mas ela não supre a necessidade hoje existente, segundo avalia o Sind-UTE/MG e, por isso, o movimento de cobrança por novas nomeações prossegue. O Sindicato lembra que são mais de 24 mil aprovadas e aprovados no concurso de 2017, que tem vigência até 2024.

 

A exceção que virou regra

Desde a Constituição de 1988, as vagas no setor público devem ser preenchidas por aprovados em concurso público. Na rede de ensino estadual, no entanto, isso nunca foi cumprido e o número de contratados, antes chamados de designados, sempre foi realidade, como apontaram participantes da audiência.

A deputada Beatriz Cerqueira lamenta que a prática em Minas tenha invertido a lógica prevista em lei, segundo a qual são possíveis contratações temporárias para casos excepcionais e urgentes. “O Estado tem feito da excepcionalidade a regra, mantendo uma política de contratação permanente em cargos vagos”, disse a deputada.

A legislação em vigor permite que se façam contratações temporárias para suprir situações excepcionais como, por exemplo, nos casos de falecimento do servidor e afastamento por férias, licença-médica ou aposentadoria.

De acordo com a deputada, o Estado deveria realizar concursos para suprir a demanda de profissionais, mas não tem cumprido sua parte. O último, realizado em 2017, teve menos de 8 mil nomeados e existem mais de 90 mil cargos vagos para professores, especialistas e inspetores.

 

Governo é criticado pela falta de concursos

Beatriz Cerqueira criticou a postura da atual gestão. Ela lembrou que o Estado tem tentado prorrogar os prazos para legalização das contratações, sem, contudo, assumir a responsabilidade pela substituição de contratados por efetivos.
Isso, segundo a deputada, precariza a profissão, pois os designados são contratados temporariamente, sempre pelo piso salarial, sem direito à promoção na carreira e sem garantia do emprego.

A parlamentar questionou ainda a falta de planejamento para a realização de novos concursos no Estado. Em sua opinião, em sua arguição sobre a decisão do STF, a AGE não apresentou qualquer tentativa de resolver a questão, pedindo apenas o adiamento.

Para a coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Denise Romano, na pauta de reivindicações da categoria, historicamente, consta a abertura de concursos públicos. Ela salientou que o problema é antigo e que há três declarações de inconstitucionalidade em relação às contratações praticadas pelo governo.
“Nos primeiros 15 dias de maio, foram 6.565 contratos para suprir necessidade temporária”, enfatizou.

Segundo o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), a situação é grave e já há alunos sem professores em escolas estaduais. Em sua opinião, o governo já deveria ter tomado providência para a realização de concurso, assim que foi notificado pelo STF.

 

Sem previsão para convocar excedentes

A subsecretária de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Gláucia Cristina Pereira dos Santos Ribeiro, explicou que, desde o ano passado, está sendo feito um levantamento para avaliar como aproveitar os excedentes que aguardam nomeações do último concurso. Ela calcula que esse trabalho possa ser concluído ainda este mês, mas não soube precisar quando as convocações poderiam começar. Acrescentou que a SEE vai solicitar à Seplag a realização de um novo concurso para professor e inspetor.

A deputada Beatriz Cerqueira manifestou preocupação com os servidores, cujos contratos estão prestes a expirar, principalmente com os ajustes que normalmente são feitos a partir de julho, com a recontagem de alunos e readaptação do número de salas. Com a decisão do governo de suspender novas contratações, ela teme que esses servidores sejam dispensados e não possam voltar para suprir as funções que ficarem vagas.

 

Inconstitucional

No dia 31 de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e considerou inconstitucionais as contratações que vêm sendo realizadas em Minas.

Em face da decisão, estão suspensas desde o dia 1º deste mês novas designações e permitidas apenas a manutenção das já existentes. O Supremo permitiu que os contratos sejam mantidos até maio de 2023.

O representante da Advocacia-Geral do Estado (AGE), procurador Valmir Peixoto Costa, explicou que já foram impetrados recursos de embargos declaratórios, contestando e pedindo a anulação da decisão, a suspensão dos efeitos por ela determinados e a estipulação de um prazo de cinco anos para que o governo consiga realinhar as normas para as contratações temporárias, dentro do que é permitido pela legislação.