Sucateamento generalizado na Regap é risco aos trabalhadores

De acordo com as informações recebidas pelo sindicato, na U-102 foi relatado que uma linha de resíduos de vácuo apresentou furo durante a operação, o que levou à ocorrência de um vazamento

por Sindipetro/MG

Na última terça-feira (19), o Sindipetro/MG foi informado de que as unidades U-102, U-306 e U-310, da Refinaria Gabriel Passos (Regap), passaram por situações de evidente falta de manutenção dos equipamentos operacionais. Esse é um problema evidente no cotidiano de trabalho da categoria petroleira. Além de ser uma consequência direta do projeto de sucateamento imposto à refinaria, projeto este que visa a privatização da unidade.

De acordo com as informações recebidas pelo sindicato, na U-102 foi relatado que uma linha de resíduos de vácuo apresentou furo durante a operação, o que levou à ocorrência de um vazamento. Submetida à análise, a equipe de inspeção constatou que a linha apresentava uma espessura entre 1mm a 1.9mm, o que é considerado abaixo do necessário para o funcionamento. Devido ao problema, foi necessário realizar uma meia-trava.

Segundo fontes ouvidas pelo Sindipetro/MG, a linha de resíduos de vácuo estava programada para ser trocada durante a parada de manutenção, em 2019. Porém, ao não realizarem a troca, a sua utilização foi prolongada até a realização de uma próxima parada na unidade, causando o problema atual. De acordo com relatos de trabalhadores da unidade, a troca da linha já foi realizada e a operação normalizada.

Paradas de emergência no HDT
No caso da HDT as paradas das unidades foram por motivos diferentes mas ambos com uma mesma causa básica: o descaso da gestão da Petrobrás com as unidades do Refino. A U-306, responsável pelo tratamento de gasolina, tripou por falha do aterramento do 306K01 que levou a um descontrole da rotação e consequentemente a parada da máquina por atuação do sistema de segurança. Esse problema seria facilmente resolvido se manutenções preventivas fossem feitas como antigamente.

Já a U-310, que produz diesel S-10, vinha com um problema de delta P alto a alguns meses e a gerência da HDT junto com os setores responsáveis pelo acompanhamento da unidade ignoraram os “sinais” que estavam presentes e não atuaram numa solução. Com isso o 310K01 entrou em surge e atuou sua proteção.

Gestão de sucateamento
Situações como essas demonstram o abandono por parte da Petrobrás com o Refino, mesmo no cenário de possibilidade de desabastecimento de derivados. “As três unidades que sofreram parada em emergência nos últimos dias afetam diretamente a produção de gasolina e diesel. Um reflexo claro de quem reduziu em 100 vezes o investimento no refino para esse ano em comparação à 10 anos atrás” afirma o coordenador geral do Sindipetro/MG Alexandre Finamori. 

Em 27 de junho, o sindicato enviou ofício à gerência geral da refinaria, destacando que o sucateamento tem sobrecarregado os trabalhadores do turno, elevando os riscos de acidentes e transtornos causados pelo trabalho. Assim, o Sindipetro/MG cobra no documento o retorno ao número mínimo historicamente praticado, a recomposição do efetivo e a elaboração de um Programa para a redução dos casos de adoecimento mental.

O ofício nunca foi respondido. E a gerência da Regap, em completo descaso com a saúde e a vida da categoria, segue a política de aguardar a falha dos equipamentos para tomar alguma atitude