Nesta quarta-feira, 10, durante a segunda reunião temática da AMS, os gestores da Petrobrás apresentaram parcialmente aos representantes da FUP alguns dados que foram cobrados na semana passada.
[Da comunicação da FUP]
Uma das informações que mais indignou as representações sindicais foi o anúncio de que 1.399 petroleiros e suas famílias foram expulsos da AMS, por não conseguirem arcar com os custos do benefício. Ou seja, devido aos descontos absurdos feitos pela empresa, de forma abusiva e sem qualquer transparência, aproximadamente 2.800 beneficiários da AMS ficaram sem o seu plano de saúde, já que cada titular, em média, tinha um dependente.
Os dados apresentados pelos representantes da Petrobrás são referentes apenas ao ano de 2021 e não levam em consideração os titulares que voluntariamente pediram para sair da AMS, por não terem mais condições financeiras de manter o benefício.
Essa situação caótica e desumana pode piorar, e muito, se a gestão da empresa insistir no impasse que criou ao apresentar duas contrapropostas que impõem mais prejuízos para a categoria, principalmente para os aposentados e pensionistas que recebem as menores remunerações.
Estudo apresentado pelo Dieese na reunião da semana passada mostrou que a Petrobrás já acumula ganhos de cerca de R$ 8,5 bilhões somente em relação ao passivo atuarial com a AMS. E, ainda assim, a empresa propõe aos beneficiários um reajuste linear de 25% na tabela do grande risco, enquanto oferece à categoria 7% de reajuste salarial, índice abaixo da inflação.
Segundo o Dieese, os reajustes absurdos aplicados na AMS nos últimos cinco anos variaram de 33% (para os beneficiários de menor idade e maiores remunerações) a 928% (beneficiários de maior idade e menor remuneração). Nesse mesmo período, os petroleiros do Sistema Petrobrás amargaram perdas salariais significativas, já que os reajustes alcançados foram de 17,7%, enquanto a inflação acumulada está em 21,1%, segundo o IPCA.
Ou seja, o que a diretoria da Petrobrás está propondo é arrochar ainda mais os trabalhadores e penalizar os aposentados e pensionistas, que têm sido os mais prejudicados pelos reajustes e descontos abusivos da AMS e pelo sucateamento do benefício.
A FUP tornou a reforçar a importância do processo negocial apontar uma saída para o impasse que foi criado pelos gestores, lembrando que na pauta aprovada pela categoria petroleira uma das reivindicações é a prorrogação do ACT até o final das negociações, como sempre foi prática da empresa.
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As representações sindicais ressaltaram ainda que é fundamental a preservação do atual Acordo Coletivo, sem rebaixamento de direitos, e cobraram da Petrobrás empenho em avançar no atendimento dos principais pontos da pauta que foram defendidos na reunião temática anterior.
Nesta quinta-feia, 11, haverá mais uma rodada temática de negociação do ACT, às 14h, quando a FUP e a Petrobrás darão continuidade à discussão sobre Banco de Horas.
» Manutenção do Acordo Coletivo, sem rebaixamento das cláusulas de AMS
» Restabelecimento da relação de custeio 70×30
» Margem consignável de 13% para todos os beneficiários
» Fim dos descontos abusivos para pagamento do saldo devedor e realização de uma auditoria externa independente para apuração do valor correto
» Fim do VCMH e construção de uma outra alternativa de reajuste para o plano
» Pagamento por boleto bancário apenas em casos específicos discutidos na Comissão da AMS
» Exclusão de qualquer referência à APS no ACT