Nesta segunda-feira (15), cerca de 90% dos 28.000 trabalhadores do Sistema Eletrobrás entraram em greve por tempo indeterminado, durante período de negociação do acordo coletivo de 2013. As reivindicações são por reajuste salarial e cancelamento das iniciativas da empresa que retiram direitos trabalhistas.
A proposta de reajuste salarial da Eletrobrás é de 6,5%, referente à reposição da inflação dos últimos 12 meses, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em contrapartida, a categoria exige a reposição de 6,88%, mais 4,3% relativo ao crescimento do consumo de energia residencial nos últimos meses, medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Além disso, os eletricitários pedem o cancelamento de medidas que retiram os direitos dos trabalhadores. Para o diretor do Sinergia/SC, Sérgio Fonseca, há uma tentativa de dividir a categoria. “Estamos lutando por um ganho real para os trabalhadores, além de não aceitarmos a perda de direitos para os novos contratados, porque isso é dividir a categoria”, afirmou.
Sérgio explicou que os contratos estão reduzindo férias, reembolso de despesas médicas, percentual de lucro da empresa, além de extinguir o anuênio, adicional anual nos salários por tempo trabalhado, para os novos funcionários. “Os eletricitários não aceitarão uma nova CCE 09, com a perda de benefícios dos trabalhadores, como já ocorreu na época do Fernando Henrique Cardoso”, apontou.
Já para os trabalhadores com contratos mais antigos, a Eletrobrás propõe o congelamento do anuênio, além de impor um termo de compromisso sobre a nova lei de periculosidade, que restringe os direitos dos trabalhadores.
Para o presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Franklin Moreira, a tentativa da empresa é compensar as perdas na retirada de direitos dos trabalhadores. “Essa greve vem em um momento onde o grupo Eletrobrás passou pela renovação das concessões, com perda de receita anual de R$ 9 bi, querendo compensar agora com a retirada de benefícios dos trabalhadores, tanto dos atuais como dos que estão entrando”, explicou.
“Esperamos que o governo venha pra negociação, principalmente com o recado que vem das ruas”, comentou Franklin.
A Medida Provisória 579, que entrou em vigor no início do ano, renovou as concessões das empresas estatais de geração que tinham seus contratos vencendo até 2015, com a redução média de 20% nas tarifas de energia elétrica.
Para o coordenador nacional do MAB, Gilberto Cervinski, os trabalhadores não podem ser penalizados. “A MP 579 diminuiu as altas taxas de lucros dos acionistas, que na sua grande maioria são especuladores internacionais. Essa greve é justa porque são graças a esses trabalhadores que a Eletrobrás está conseguindo entregar a energia pelo menor valor do país, por isso eles precisam ser valorizados”, disse Gilberto.