Há coisas que não devem ser aprendidas. Uma é a exploração, característica própria do Sistema Petrobrás. Sem efetivo para realizar todas as atividades, os trabalhadores, na maioria das unidades, estão se desdobrando para cumprir com as obrigações que lhes são impostas. Um exemplo é a Regap, cujo estudo do número mínimo não sai do papel.
Seguindo essa linha, a gerência da Usina Termelétrica Aureliano Chaves pôs sua manga de fora. Foi programada para o final do mês de março uma parada de manutenção. O procedimento durou seis dias. Porém, as condições de trabalho remetiam à época da escravatura. Com a pressão gerencial, alguns contratados da empreiteira O&M trabalharam mais de 20 horas seguidas, chegando a situações que extrapolaram 24 horas! Houve um caso específico, em que o terceirizado trabalhou mais de 10 dias sem folga. E, mesmo após a parada, as condições operacionais dos equipamentos continuam ruins.
O despreparo para gerenciar uma atividade já programada escancara a incompetência da atual administração. As falhas demonstram a falta de planejamento e incapacidade em lidar com condições adversas, como: falta de contingente de manutenção disponível e intervenções que duraram mais que o planejado. Além disso, a gerência da empreiteira O&M usa e abusa do lado mais fraco: os contratados. Esses, dificilmente vão contra uma ordem vinda de cima, mesmo cientes da ilegalidade.
Porém, o mais grave é saber, que mesmo a gerência tendo conhecimento das condições precárias de trabalho, ela não é capaz de dizer para seus superiores que “NÃO DÁ PRA FAZER!” Quer estar “bem na fita” e mostrar, que mesmo a trancos e barrancos, a meta é cumprida, inclusive, em tempo recorde! Nem que para isso a mão de obra tenha de ser explorada, em desobediência às leis do país. A sobrecarga de trabalho, aliada ao cansaço e ao estresse são “munições” perigosas que podem provocar acidentes. A folga é garantida por lei, e todos os empregados, sejam eles, próprios ou terceirizados, devem desfrutar deste direito.
O Sindipetro/MG reuniu com as gerências responsáveis e, na ocasião, foi alegado que não sabiam o que estava acontecendo. Para piorar, disseram que o operador cometeu excesso de zelo, pois não queria deixar a tarefa inacabada. É incrível que o gerente de uma área que está em parada de manutenção não saiba que os trabalhos estão sendo realizados em condições subumanas. Um gerente que alega não saber de uma ocorrência tão grave, deixa claro que não administra o setor. É dar um atestado de total incompetência para ficar no cargo que ocupa. O sindicato não aceita que exploração como essa ocorra, e pede aos trabalhadores para denunciar, principalmente, quando estiver ocorrendo para que as devidas providências sejam tomadas. Com isso, evitaremos argumentos cínicos, como os que ouvimos das gerências da termelétrica.
Sindipetro/MG