EDITORIAL – A reedição de 64 EDITORIAL – A reedição de 64

Opinião | 14 de agosto de 2017

Passados 52 anos, eis que o Brasil reedita em 2016 o mesmo golpe praticado em 1964. Há quem fale que o “impeachment” da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) não foi um golpe, mas sim um processo legítimo de cassação de um chefe de Estado por “crime de responsabilidade”. No entanto, o tal crime cometido pela presidenta, as chamadas pedaladas fiscais, também havia sido praticado por todos ou quase todos os presidentes eleitos no País após a redemocratização.

As semelhanças entre os dois golpes são nítidas. Basta revisitar a história para entender que, tanto em 1964 quanto agora, a tomada do poder foi comandada pela elite (ou, como queiram chamar, burguesia, classe dominante etc) contra os chamados governos populistas, mas que, na verdade, eram governos que tinham bandeiras sociais.

Na ditadura, o principal alvo do golpe foi a classe trabalhadora. E, para evitar a organização dos operários contra a nova ordem, o governo militar interviu nos sindicatos, prendeu e perseguiu seus dirigentes, instituiu o arrocho salarial e a criminalização dos movimentos sociais.

E o que é diferente agora? Absolutamente, nada. Passado o golpe, as primeiras medidas adotadas pela turma de Michel Temer foram: o corte de investimentos em políticas sociais e em saúde e educação pelos próximos 20 anos; a reforma trabalhista, que extingue direitos garantidos na CLT; o fim da política de conteúdo local, seguida de uma onda privatista que tem atingido em cheio a Petrobrás e outras estatais brasileiras; a legalização da terceirização irrestrita; e o próximo passo deve ser a reforma da Previdência, já prevista para ser votada em setembro.

Ou seja, novamente, a classe trabalhadora está no centro do golpe. E todas as medidas adotadas pelo governo golpista visam tão somente desmobilizar, desestruturar e desorganizar os movimentos de resistência, historicamente construídos pela classe trabalhadora e pelos estudantes nesse País.

Então, mais do que nunca é preciso unidade na luta para barrar os retrocessos impostos pelo golpe. Temos que lutar para reverter o processo de retirada de direitos comandado pelo governo e apoiado pelo Congresso, pela mídia e pelo Judiciário.

E a categoria petroleira tem que ser parte disso, especialmente estando a Petrobrás inserida na política do golpe. Tanto é assim que, desde que assumiu a Presidência, Temer e seu capacho Pedro Parente tem investido pesado no desmonte da empresa com a entrega de ativos, a redução de pessoal por meio de PIDV’s, o aumento do preço dos combustíveis e gás de cozinha, a diminuição da produção e consequente aumento da importação de derivados, e, principalmente, com o fim da nossa Petrobrás como empresa integrada e indutora do desenvolvimento nacional.