Em menos de 48 horas, dois trabalhadores perderam a vida em acidentes na Petrobrás, evidenciando a insegurança e a precarização em curso nas unidades operacionais. A primeira morte ocorreu no sábado (25), durante um treinamento de lançamento de bote de serviço na embarcação Astro Tamoio, que atende a Bacia de Campos. O cabo do bote rompeu quando três trabalhadores da empresa Astromarítima participavam da simulação. Erick Gois, de apenas 26 anos, ficou preso e não resistiu aos ferimentos. Os outros dois trabalhadores foram resgatados e passam bem.
Na segunda-feira (27), outro acidente, desta vez na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, causou a morte de um instrumentista da QWS, durante a manutenção de um equipamento na Unidade de Destilação Atmosférica. Segundo o Sindipetro PE/PB, o trabalhador, que estava há apenas seis meses na refinaria, foi atingido por ar comprimido em alta pressão.
Tragédias como essas poderiam ter sido evitadas, como os sindicatos sempre alertaram, ao denunciar os impactos que o processo de desmantelamento da empresa causam na vida dos trabalhadores, nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. A história novamente se repete e agora ainda mais grave, diante da dimensão das privatizações que já foram feitas e das que estão em curso.
O risco iminente de um grande acidente ampliado nas instalações da Petrobrás aumenta a cada dia, como comprova um estudo realizado pelo corpo gerencial da empresa, ao qual a FUP teve acesso em junho. No estudo, as próprias gerências alertam para os riscos de acidentes operacionais e de danos aos trabalhadores e ao meio ambiente, em consequência de “problemas operacionais por falta de pessoal ou por falta de capacitação das pessoas”.
Confira vídeo de Anselmo Braga
HDT: uma bomba-relógio
Infelizmente, a Regap tem seguido o mesmo script de tragédia anunciada. O Sindipetro/MG recebeu a denúncia de que a HDT (unidade da Regap) operou no último domingo (26) com apenas 7 trabalhadores, quando o número mínimo de segurança deveria ser composto por 12. A situação ficou ainda mais precarizada durante esse mesmo turno devido a realização de um simulado de emergência, o que deixou a unidade de tratamento de gasolina (uma das unidades do setor) sem nenhum operador em seu posto de trabalho.
Não é a primeira vez que a gerência da HDT expõe seus trabalhadores e toda a comunidade a um perigo tão alto. Além da redução forçada de efetivo no último ano, o Sindicato também recebeu a denúncia de um grande vazamento na bomba 209-P-001 da HDT, colocando em risco os trabalhadores da unidade.
Leia também: OCORRÊNCIA EM AMOSTRADOR DE H2 EXPÕE PRECARIZAÇÃO NA REGAP
“A gerência da HDT está brincando com a vida dos trabalhadores da refinaria e de toda comunidade do entorno. O setor virou uma verdadeira bomba relógio por irresponsabilidade da chefia, um verdadeiro crime contra a vida da categoria. Infelizmente, temos visto a mesma receita do passado: sucatear para privatizar!”, critica Anselmo Braga, diretor do Sindipetro MG.
Próximos passos
Será realizada nova denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT) e demais órgãos competentes. “Toda morte por acidente de trabalho é uma morte evitável. Basta de sucateamento e precarização do trabalho na Petrobrás”, afirma Anselmo.