Trata-se de uma política adotada para privilegiar os interesses dos acionistas da estatal. Em agosto, a Petrobras anunciou o pagamento de R$ 31,6 bilhões em dividendos. Deste montante, R$ 12,8 bilhões ficaram na mão de investidores estrangeiros, que detêm mais de 40% do capital da Petrobras. Os acionistas privados brasileiros ficaram com R$ 7,7 bilhões. O restante (R$ 11,6 bi) foi direcionado ao caixa do governo federal e ao BNDES.
Nesse sentido, a Petrobras também vem adotando um programa de desinvestimento, que tem como foco principal a redução do parque de refino. Em agosto, a estatal assinou contrato para a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus, ao grupo Atem, por US$ 189,5 milhões. De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a Remam foi vendida a 70% do seu valor real. Em fevereiro, foi a vez da Refinaria Landulfo Alves (Rlam), na Bahia, vendida a um grupo árabe por menos de 50% do seu valor.
Preço em alta
Somente este ano, a gasolina já subiu 56,2% nas refinarias da Petrobrás e 40% nos postos de revenda. O diesel acumula alta de 37,99% nas bombas. No mesmo período, a inflação acumulada medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, ficou em 6,90% e, nos últimos 12 meses, em 10,25%. Enquanto isso, o salário mínimo não tem aumento real desde 2016.
Segundo a ANP, preço médio da gasolina em todo o país é de R$ 6,321. Trata-se da 11ª semana seguida com reajustes nos preços cobrados nos postos. Em pelo menos seis estados – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Piauí, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Acre –, a gasolina já ultrapassa a faixa dos R$ 7. O maior valor, R$ 7,499, foi registrado no Rio Grande do Sul.
“Essa política de paridade de importação, adotada pela direção da Petrobrás, provocou a escalada de preços na economia. O PPI serve apenas para maximizar dividendos para os acionistas da Petrobrás, fazendo a sociedade brasileira pagar a conta com os combustíveis caros. Além de favorecer as importações de derivados, em mais uma ação antinacional deste governo, a redução do fornecimento de combustíveis para as distribuidoras brasileiras vai encarecer ainda mais os preços da gasolina e do diesel nas bombas”, alerta o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil