Dança das cadeiras: Bolsonaro mostra sua irresponsabilidade com a Petrobrás Dança das cadeiras: Bolsonaro mostra sua irresponsabilidade com a Petrobrás

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 8 de abril de 2022

Em meio aos sucessivos aumentos dos combustíveis e lucro recorde da Petrobrás, o imbróglio na definição da direção da empresa mostra a incompetência de Bolsonaro


por Sindipetro/MG

Foto: Laís Zanocco/VOCÊ S.A

 

No dia 28\03, o general da reserva Joaquim Silva e Luna foi comunicado de sua demissão da presidência da companhia para ser substituído pelo economista Adriano Pires. O lobista não teve seu nome bem recebido e desistiu antes mesmo da posse. Um dia antes, o presidente do Flamengo Rodolfo Landim, previsto para assumir a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás, também havia recusado o convite.

Na avaliação do diretor do Sindipetro\MG, Guilherme Alves, o objetivo de Bolsonaro ao trocar a direção da Petrobrás é livrar-se da responsabilidade sobre os aumentos abusivos dos combustíveis e da pressão política em período eleitoral. “A incompetência de Bolsonaro é tão grande que ele tentou colocar um lobista de empresas de petróleo que foi barrado até na avaliação dos gestores bolsonaristas e privatistas da empresa. Esse cenário acentua, ainda mais, a dificuldade da população com os efeitos dos aumentos dos combustíveis sobre o custo de vida, que vão piorar caso a empresa continue com a mesma política ou seja privatizada”, opina.

Os dois nomes indicados por Bolsonaro teriam conflitos de interesse provocados pela ligação com o empresário Carlos Suarez, sócio de oito distribuidoras de gás no Brasil. Rodolfo Landim já foi investigado pelo Ministério Público Federal em razão de repasses de recursos feitos a contas de Suarez na Suíça. Há uma ação sobre denúncia de gestão fraudulenta em fundo de investimento que teria causado prejuízo à Petros e outros fundos de pensão estatais. Já Adriano Pires trabalha não apenas para a associação do setor, a Abegás, mas também para os negócios de Suarez e para a Compass. Segundo matéria do Intercept Brasil, Adriano Pires opera em “todo tipo de privatização, vantagem a particulares e defesa de interesses estrangeiros no setor elétrico e de petróleo”.

No dia 1\04, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) entrou com pedido de liminar na Corte para impedir que Pires assumisse o comando da Petrobrás antes que fosse feita uma investigação para apurar o suposto conflito de interesses. Para o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, as denúncias feitas pela FUP e pelo Ministério Público sobre o risco de favorecimento às empresas privadas do setor de óleo e gás, caso os indicados assumissem a direção da empresa, contribuíram para as desistências. “De qualquer forma, seja quem for o indicado, Bolsonaro não vai resolver o problema da alta dos combustíveis atacando o foco da questão que é o PPI”, disse em entrevista ao programa de rádio Faixa Livre.

Outra indicação do governo federal para presidir a Petrobrás que não vingou foi o nome do Décio Odone, ex-presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ex-funcionário de carreira da Petrobras e atual presidente da Enauta. Defensor da privatização das refinarias.

Há uma assembleia marcada para 13 de abril para dar posse à nova diretoria. O governo Bolsonaro espera até lá emplacar um privatista que se encaixe nas regras de governança da empresa.

O fim do imbroglio deve se dar com as indicações feitas no dia 6\04.  O ex-secretário de Minas e Energia, José Mauro Ferreira Coelho, que defende a prática da paridade de preços internacionais para os combustíveis no Brasil, para assumir a presidência da Petrobras. E o conselheiro da estatal Marcio Andrade Weber, para a presidência do Conselho de Administração.