Início marcado pela resistência à Ditadura Militar Início marcado pela resistência à Ditadura Militar

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 27 de outubro de 2023

Mesmo diante das perseguições políticas, os petroleiros estavam lá apoiando e manifestando a luta em defesa da Petrobrás, do salário e do emprego


por Sindipetro/MG

 

Em assembleia, realizada em maio de 1963, foi aprovado por unanimidade transformar a Associação dos trabalhadores nas obras de construção da Regap em Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Destilação e Refinação de Petróleo no Estado de Minas Gerais. Em 14 de agosto de 1963, nascia oficialmente o Sindipetro/MG e somente cinco anos depois era inaugurada a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim.

Naquele período, o Brasil vivia uma grande crise. O Governo João Goulart sofria resistência ao tentar passar as “Reformas de Base” e logo aconteceu o Golpe Militar. Na véspera, em 31 de março de 1964, o Boletim Voga, jornal oficial dos trabalhadores da Regap, já dava o alerta sobre as iniciativas golpistas e clamava a organização da classe trabalhadora em defesa da democracia rumo à transformação estrutural do país.

Com o Golpe, uma aliança civil-militar de direita assumiu o poder e os sindicatos foram perseguidos, dirigentes cassados, presos, torturados e mortos. A primeira gestão do Sindipetro/MG tinha como presidente, Walter de Assis e na diretoria, Sandra Starling (ex-deputada federal pelo PT). Em seus primeiros anos, o Sindicato sofreu intervenção e tentativas de impugnação de diretores eleitos. Na Ditadura Militar, não havia negociação salarial, o reajuste era imposto pela empresa. Os petroleiros filiados ao Sindicato eram vigiados, mas, mesmo com toda a repressão, a maioria se manteve sindicalizada.

O ex-presidente do Sindipetro/MG, Agnaldo Aquiles Quintela (1968), conta que,naquela época, conseguir realizar reuniões de trabalhadores já era algo vitorioso. Em 1968, os metalúrgicos de Contagem fizeram a primeira greve no regime militar, movimento que se repetiu em Osasco (SP). Mesmo diante das perseguições políticas, os petroleiros estavam lá apoiando e manifestando a luta em defesa da Petrobrás, do salário e do emprego. “A greve dos metalúrgicos acordou o país. Foi uma politização fantástica e um grande avanço, mesmo com as pessoas apanhando muito. A partir daí, sentimos nascer a força do povo por mudança”, avalia Quintela.

No entanto, a década seguinte continuou com ainda mais repressão. Em agosto de 1973, nos informes do Sindipetro/MG há relatos sobre a dificuldade em mobilizar a categoria, diante das ameaças de punições, demissões e prisão. Documentos divulgados pela mídia, apontam que a Petrobrás colaborou com a perseguição do regime militar aos chamados “subversivos”.