Surgimento de um novo sindicalismo e lutas pela redemocratização Surgimento de um novo sindicalismo e lutas pela redemocratização

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 27 de outubro de 2023

As desigualdades sociais aumentavam a pressão dos trabalhadores de várias categorias que retomaram as mobilizações por direitos em pleno regime militar


por Sindipetro/MG

 

O espírito de resistência da categoria petroleira durante os anos de chumbo perdurou nos anos 80 e impulsionou a retomada democrática no país. Surgiu o Novo Sindicalismo, combativo e classista com a participação ativa de dirigentes petroleiros. Em Minas, o então presidente do Sindipetro/MG, Wagner Benevides (Gestões 1979/82), foi um dos petroleiros que participaram ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), criado em 1980.

Em 1983, foi fundada a Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde o dirigente do Sindipetro/MG, Márcio Nicolau Machado (Gestões 1983/1999), teve um importante papel na vitória das oposições sindicais e na formação de diretorias de caráter classista e mais combativas. Em um cenário em que a inflação era altíssima, vários pacotes econômicos eram lançados. As desigualdades sociais aumentavam a pressão dos trabalhadores de várias categorias que retomaram as mobilizações por direitos em pleno regime militar.

A categoria petroleira protestava contra os decretos que retiravam direitos dos trabalhadores e feriam diretamente a soberania nacional e, entre os dias 7 e 10 de julho de 1983, petroleiros da Bahia e de Campinas cruzaram os braços numa greve histórica. Foi a primeira greve do Sistema Petrobrás com parada de produção. Em Minas, a categoria realizou uma de suas maiores assembleias da época que decidiu por uma paralisação de 24 horas, mas por razões diversas a greve acabou não ocorrendo.

Em 1984, ganhou força o movimento Diretas Já, marcado por grandes manifestações de rua e pressão popular que culminaram na aprovação da emenda constitucional que permitiu as eleições diretas em 1989, quando foi eleito o presidente Fernando Collor de Mello. As lutas da categoria, além das questões trabalhistas, giravam em torno da anistia dos petroleiros demitidos em greves, assim como pela reintegração dos anistiados do regime militar garantidos pela Lei da Anistia de 1979.

Em 1988, o governo congelou os salários dos trabalhadores em estatais e as perdas dos petroleiros atingiram 55,39%. Em maio, onze sindicatos de petroleiros marcaram uma greve de 24 horas. A paralisação na Regap acabou ultrapassando as 24 horas e quase parou a produção. Houve punições e oito demissões em Minas. Foi criado um fundo de solidariedade para ajudar os demitidos, que em toda a Petrobrás chegou a 40 trabalhadores.

Em janeiro de 1989, aconteceu uma paralisação de uma hora em Minas e em todas as unidades da Petrobrás para forçar a empresa a cumprir os direitos trabalhistas da nova Constituição de 1988 (turno de 6h, licenças maternidade e paternidade, etc). Luiz Fernando Maia, presidente do Sindipetro/MG nas gestões entre 1982 e 1990, lembra que, no período, a categoria petroleira teve conquistas importantes como o estabelecimento do número mínimo de trabalhadores em cada setor. Ele ressalta a importância da reorganização do movimento sindical, fortalecido pela CUT e o novo papel que a comunicação assumia. “O Sindipetro/MG investia na comunicação com a base e com a mídia. Sem comunicação, não conseguimos nada”, sentencia.