Enfrentamento à violência contra as mulheres também é papel dos homens Enfrentamento à violência contra as mulheres também é papel dos homens

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 4 de dezembro de 2023

A campanha “21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, promovida em nível mundial pela Organização das Nações Unidas (ONU) acontece desde 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) até 10 de dezembro (quando será comemorado 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos). Também engloba as datas 25 de novembro – Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres; e 6 de dezembro Dia dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (Laço Branco).

Como um problema de toda a sociedade, a erradicação da violência de gênero passa pela mudança da mentalidade e comportamentos com base no poder patriarcal. O uso de violência pelos homens, normalmente, ocorre para punir comportamentos das mulheres entendidos como inadequados, submetendo-as às relações de dominação. Nesse sentido, uma reeducação é necessária. 

Atualmente, há vários programas de atenção e grupos que prestam serviços psicossociais a homens agressores, no enfrentamento à violência doméstica, conforme prevê a Lei Maria da Penha.  As estatísticas mostram que a taxa de reincidência diminui quando eles participam desses programas. 

“Toda e qualquer violência contra a mulher é também uma violação dos Direitos Humanos”, atesta Eurico Marcos Jardim, facilitador de grupos reflexivos com homens responsabilizados pela Lei Maria da Penha e professor do Programa “E agora José?”, na região do ABC, São Paulo. “Nos grupos, trabalhamos as estruturas hierárquicas de poder (patriarcal e machista) para o modo relacional, em círculos de reflexão proporcionando maior consciência para ações de não violência”, explica.

Eurico é um dos colaboradores da cartilha “Como conversar com homens sobre violência contra meninas e mulheres”, produzida pelas organizações Papo de Homem e Instituto PDH. Disponível na internet, a cartilha sobre masculinidades, diversidade e enfrentamento à violência de gênero traz orientações aos homens sobre o tema. Algumas dicas são: escute as mulheres quando elas relatarem situações de abuso ou violência. Ignorar as vítimas de violência gera vergonha e humilhação; pergunte às mulheres próximas se elas já passaram por situações de machismo e escute seus relatos sem interromper ou julgar. 

A cartilha recomenda que os homens autores de violência sejam ajudados a se responsabilizar e a se transformarem em aliados. “A agressão deve caminhar junto com a devida responsabilização e punição, mas é importante que esse homem se conecte a um espaço que o ajude em seu processo de mudança, para que não haja reincidência da agressão em relações futuras. Também, escolha não se calar e oferecer sua voz em apoio. Pergunte à pessoa vitimizada como pode ajudar. O silêncio e a conivência são a proteção de quem comete o abuso”.

Lembra, ainda, que qualquer homem pode cometer violência, mesmo os “bons caras”. O perfil de um homem autor de violência é ser um homem comum. Isso está presente em todas as classes sociais, raças, idades e regiões do país. 

“Foque na maioria, não nas exceções. Muitas mulheres ainda possuem muito medo de denunciar, por receio das consequências, de serem desacreditadas ou de sofrerem humilhações públicas. Por isso, parta do princípio que é mais provável ser verdade quando uma mulher diz que sofreu violência”, sugere a cartilha. 

 

Por Debora Junqueira /Sindipetro/MG