Oposição confia na Justiça para barrar a privatização do saneamento básico de São Paulo. Entenda
Em sessão marcada por tumulto e violência policial, a Assembleia Legislativa do de São Paulo (Alesp) aprovou, no final desta quarta-feira (6), o projeto de lei que autoriza a privatização da Sabesp. Contudo, a luta de categorias progressistas contra o monopólio do fornecimento de água e tratamento de esgoto no estado, arquitetado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), continua. A seguir, entenda o caso e os próximos passos:
Para barrar o PL, o vereador Hélio Rodrigues, o deputado federal Kiko Celeguim e o deputado estadual Maurici, todos do Partido dos Trabalhadores (PT), acionaram a Justiça pedindo a nulidade do estudo técnico que embasou a privatização.
Se for aceita pela Justiça, a ação pode anular todo o processo.
Além disso, a oposição da Alesp, formada por parlamentares do PT e Psol, planeja também ajuizar uma ação de inconstitucionalidade contra o processo de privatização, uma vez que a Constituição estadual determina que o estado “assegurará condições para eficiente administração dos serviços de saneamento básico“.
O Projeto de Lei 1.501/2023, encaminhado por Tarcísio para que o Executivo estadual possa negociar sua participação acionária na companhia, foi aprovado com 62 votos favoráveis e somente um contrário. A proposta precisava da aprovação de 48 dos 94 membros para passar na Casa.
Todos os deputados de oposição se retiraram do plenário e não participaram da votação, após a repressão da Polícia Militar (PM) contra manifestantes que estavam na galeria da Alesp. A única deputada que se opôs ao texto foi a delegada Graciela (PL). O presidente da Alesp, André do Prado (PL), não votou.
Agora o texto segue para a sanção do governador. Pelas regras, Tarcísio tem 15 dias úteis para sancionar ou vetar a proposta aprovada. Caso não se manifeste dentro do prazo, André do Prado deve promulgar o projeto em 10 dias.
Segundo Tarcísio, o governo estadual pretende avançar com a transferência do controle acionário da empresa para a iniciativa privada até 2024. Hoje, a Sabesp é uma empresa de economia mista, ou seja, o controle é do estado, que tem 50,3% do seu capital social. Já os outros 49,74% de suas ações estão distribuídas entre pessoas físicas e jurídicas.
O objetivo de Tarcísio é diminuir a participação do estado de 50% para até 15%. De acordo com a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, o estado deve manter controle sobre, no máximo, 30% da Sabesp após a privatização.
O governo argumenta que o plano vai permitir a entrada de recursos, que possibilitaram mais investimentos e redução da tarifa ao consumidor. Os críticos ao PL, no entanto, alertam para a falta de plano de investimento sobre o dinheiro que deve ser obtido com a venda de ações da companhia.
A luta contra a privatização da Sabesp foi tema do programa TVGGN 20h, exibido na noite desta quarta-feira. Assista: