A notícia de que a Petrobrás vai retomar o controle da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) representa uma grande vitória e é comemorada pela categoria petroleira, que sempre esteve na resistência contra o desmonte e privatização da empresa. O anúncio sobre a reestatização da RLAM, ainda no primeiro semestre, foi feito pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, durante visita aos Emirados Árabes, na semana passada, quando o presidente reuniu-se com os executivos do fundo Mubadala. O grupo árabe comanda a Acelen, controladora da refinaria baiana desde a privatização em 2021.
A notícia também acendeu a esperança dos trabalhadores transferidos compulsoriamente para outros estados após a privatização da empresa. Por solicitação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) à Gerência de Recursos Humanos da Petrobrás, no dia 20 de fevereiro, ocorreu uma reunião entre os gestores da Acelen e dirigentes da FUP, com o objetivo de discutir sobre o retorno dos transferidos da RLAM, durante o processo de retomada do controle da refinaria baiana pela Petrobrás.
Conforme a FUP tem denunciado, as transferências dos trabalhadores da refinaria para outros estados foram feitas à revelia de suas vontades e sem qualquer negociação com as entidades sindicais. Nesse processo, os petroleiros foram obrigados a deixar suas famílias, laços e relações sociais, com grande impacto para a saúde mental. A exigência é de que haja garantia de opção de retorno dos transferidos à refinaria.
A reestatização da RLAM e das demais refinarias que foram vendidas a preços muito abaixo dos valores de mercado durante o governo Bolsonaro é a principal bandeira de luta da categoria petroleira e faz parte da pauta que a FUP e os sindicatos vêm discutindo com o governo Lula e a nova gestão da Petrobrás. “A venda da RLAM foi lesiva e a sua retomada resulta da intensa luta da categoria pela reconstrução do Sistema Petrobrás. Nesse processo, queremos que as injustiças contra os trabalhadores transferidos sejam reparadas”, opina Guilherme Alves, coordenador-geral do Sindipetro/MG.
A FUP reitera a importância de a categoria petroleira seguir mobilizada, pressionando os gestores do Sistema Petrobrás para que priorizem as medidas necessárias para a reconstrução da empresa, agilizando a reabertura da FAFEN Paraná, a retomada das FAFENs Bahia e Sergipe e a negociação para trazer de volta a REMAN, a RPCC e a SIX.
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Em relação aos aspectos de Recursos Humanos, foi dito que ainda não há tratativas específicas nesse sentido, pois a Petrobras entende que a questão dos trabalhadores, tanto os transferidos quanto o corpo de pessoal em geral, será discutida apenas após o avanço das etapas técnicas.
O Sindipetro-Ba reiterou seu papel como representante da categoria petroleira no estado e a Petrobras assegurou sua participação ativa em todas as discussões relacionadas aos trabalhadores. Nenhuma decisão será tomada sem o envolvimento e a contribuição efetiva do sindicato.
Quanto aos ex-trabalhadores da RLAM que desejam retornar para a Bahia, a Petrobras afirmou estar ciente desse desejo e tem buscado adotar medidas para resolver esse problema, que inclusive já foi levado muitas vezes pelo Sindipetro-Ba e pela FUP e que já foi solucionado em alguns casos.
Na reunião, o Sindipetro-Ba também destacou a importância de defender os interesses dos trabalhadores da Acelen, grupo também representado pela entidade sindical.