Categoria repudia mudanças unilaterais no teletrabalho Categoria repudia mudanças unilaterais no teletrabalho

Notícias, Tribuna Livre | 15 de janeiro de 2025

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos realizaram no dia 14/01 atos contra as mudanças que a gestão da Petrobrás pretende impor no regime de teletrabalho. O ato unificado com a FNP foi realizado no Edifício Senado, o principal prédio administrativo da empresa, no centro do Rio de Janeiro, e teve caráter histórico, dada a presença de mais de 1500 trabalhadores e trabalhadoras do setor administrativo.

As mobilizações foram convocadas pelas entidades sindicais após a diretoria da Petrobrás anunciar, no dia 9 de janeiro, mudanças unilaterais na escala do teletrabalho. Sem qualquer negociação ou consulta à categoria, a gestão da empresa informou que pretende aumentar, nos próximos meses, de dois para três os dias presenciais dos empregados em teletrabalho, com exceção dos PCDs e pais de PCDs. 

O movimento sindical petroleiro defende que as regras do teletrabalho sejam estabelecidas por meio de negociações coletivas com os sindicatos, garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e que haja um diálogo aberto sobre as condições de trabalho, inclusive com a inclusão do tema como cláusula do ACT. Neste sentido, os trabalhadores presentes na porta do Edisen aprovaram por unanimidade o Estado de greve, overbooking no dia 23 de janeiro e café da manhã com atraso no dia 30/01.

No dia 16/01, às 18 horas, o Sindipetro/MG convoca uma reunião online com os trabalhadores e trabalhadoras em regime de teletrabalho em Minas Gerais, para mobilizar e construir saídas coletivas para a resistência da categoria.

O teletrabalho no Sistema Petrobrás foi implantado em 2018 por meio de um projeto piloto. Em 2020, com a pandemia de Covid, os petroleiros da área administrativa cumpriram isolamento de forma a conter a disseminação da doença, e a Petrobrás decidiu manter a metade dos trabalhadores em teletrabalho permanente, por no máximo 3 dias por semana. Nesse mesmo ano, a FUP fez uma pesquisa online na pandemia com mais de 2.000 questionários para conhecer a visão da categoria sobre o tema. Os dados compilados da pesquisa apontaram que que 92% dos entrevistados queriam que o regramento fosse negociado com os sindicatos, 87% entendiam a necessidade de uma regra mais transparente sobre os critérios de quem pode ou não estar em teletrabalho e 81% queriam previsão sobre o tempo de permanência.

Em 2021, foi criado GT do Teletrabalho que ampliou os debates entre FUP e Petrobrás.  Em abril de 2023, a Diretoria Executiva da Petrobras aprovou em caráter piloto, a possibilidade do teletrabalho de cinco dias da semana para todos os empregados com deficiência registrados na companhia, conforme previsto na legislação que trata sobre Pessoas com Deficiência (PCDs) e com base na análise da área de Saúde da empresa. 

Em julho de 2024, a FUP apresentou proposta completa de regramento do teletrabalho como cláusula no ACT, mas a empresa preferiu manter como estava. E agora, a Petrobras quer mudar de forma unilateral o sistema de teletrabalho na empresa, gerando a reação de repúdio da categoria, que se prepara para aumentar as mobilizações, exigindo negociações coletivas.