Dados recentes mostram que o Brasil lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade, com 9,3% da população afetada. A depressão também é uma preocupação crescente, agravada pelo impacto da pandemia de COVID-19, que levou a um aumento de 25% nos casos de transtornos mentais no país, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A importância de cuidar da saúde mental em um mundo adoecido tem sido enfatizada pela Campanha Janeiro Branco, criada em 2014, e instituída por lei federal desde abril de 2023. Momento oportuno para refletir sobre os fatores que impactam a saúde das trabalhadoras e trabalhadores petroleiros.
Para os trabalhadores do Sistema Petrobrás, cuidar da saúde mental é um desafio diante da sobrecarga de trabalho e jornadas extenuantes, com a redução drástica de efetivos, além da pressão constante por resultados, dentro de uma lógica individualista. Nos últimos anos, foram registrados vários episódios resultantes do agravamento da saúde mental dos petroleiros, muitos deles relacionados às transferências compulsórias, casos de assédio moral e sexual, entre outros. Da mesma forma, as alterações nas regras do teletrabalho, propostas unilateralmente pela empresa, também acendem o alerta como um fator que pode potencializar os riscos de adoecimento.
Entre os aposentados e pensionistas, as incertezas quanto ao futuro dos planos de Previdência, descontos abusivos e falhas no sistema de saúde também contribuem para um quadro preocupante, muitas vezes invisível aos olhos dos gestores. Entre os contratados das prestadoras de serviços, os desafios são ainda maiores diante das desigualdades sociais, da ganância das empresas e do descaso da Petrobrás. Os problemas de saúde mental estão bastante relacionados à questão da organização do local de trabalho e não podem ser somente uma responsabilidade individual. “Nesse mundo desigual e com tantas preocupações, é importante cuidarmos da nossa saúde mental e buscar apoio profissional. Mas, para além disso, precisamos cobrar das empresas um ambiente e condições saudáveis para trabalhar”, enfatiza Guilherme Alves, coordenador-geral do Sindipetro/MG.