Nas últimas semanas aconteceram mobilizações nacionais em reação às mudanças unilaterais no regime de teletrabalho determinadas pela gestão da Petrobrás. No dia 30 de janeiro, os trabalhadores petroleiros fizeram um atraso com ato na entrada do Edisen, no Rio de Janeiro. Em Minas, o Sindipetro/MG realizou três reuniões setorizadas com os trabalhadores e trabalhadoras em regime de teletrabalho. A última foi no dia 30/01, na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim.
As entidades sindicais tentam abrir uma mesa de negociação com a empresa para que as medidas unilaterais recentes sejam revistas. E defendem que as regras do teletrabalho sejam estabelecidas por meio de negociações coletivas com os sindicatos, garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e que haja um diálogo aberto sobre as condições de trabalho, inclusive com a inclusão do tema como cláusula do ACT.
“Quando o teletrabalho era integral durante a pandemia, provamos durante muito tempo que somos capazes de realizar nossas tarefas sem precisarmos ir presencialmente à empresa”, explica uma trabalhadora da Regap, ao defender o regime, por considerá-lo vantajoso tanto para a empresa, que economiza com a estrutura física, como para os trabalhadores que podem ter mais tempo em família e para a dedicação à saúde.
“A empresa está perdendo credibilidade no seu discurso, ao pregar o ‘Cuidado com as Pessoas’ como um valor, mas não aceitar negociar ou ouvir a categoria sobre uma mudança que vai impactar tanto as suas vidas. Isso tudo em pleno Governo Lula, que elegemos justamente para virar uma página sombria de descaso e desrespeito com a força de trabalho”, opina o coordenador-geral do Sindipetro/MG, Guilherme Alves.
Sobre as mudanças unilaterais promovidas pela Petrobrás, ele destaca o receio de aumento no número de afastamento por transtornos de saúde mental, diante dos impactos na dinâmica da vida pessoal. “Até hoje existem trabalhadores que precisam fazer bate-volta de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, pois muitas gerências ainda não permitiram que esses trabalhadores se apresentassem em unidades do seu estado de origem. Outra preocupação é que, em um futuro próximo, essa mudança possa representar o fim do teletrabalho, gerando um cenário de incertezas e afetando ainda mais a saúde mental de milhares de pessoas”, complementa.