Petroleiros de Minas Gerais manifestam solidariedade aos trabalhadores da Lubnor no Ceará Petroleiros de Minas Gerais manifestam solidariedade aos trabalhadores da Lubnor no Ceará

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 27 de junho de 2023

Mobilizações em todo o país denunciam privatização da Petrobrás e defendem a soberania nacional


por Sindipetro/MG com informações da FUP

 

Os petroleiros de Minas Gerais, lotados na Refinaria Gabriel Passos (Regap) e na Usina Termelétrica de Ibirité (UTE-IBT), realizaram na manhã de hoje (27) um ato de solidariedade em apoio aos trabalhadores da refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), de Fortaleza/CE. O movimento em Minas Gerais soma às mobilizações que ocorreram em diversas bases sindicais pelo país, todas elas em repúdio ao processo de privatização da unidade da Petrobrás.

Paralelamente à luta dos trabalhadores da Lubnor, que entraram em greve nesta terça-feira, as manifestações dos petroleiros e petroleiras da Petrobrás ocorreram em diferentes estados brasileiros, seguindo o indicativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Além de Minas Gerais, os atos de solidariedade e denúncia ocorreram em bases como Amazonas (Reman), Pernambuco/Piauí (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), Bahia (Taquipe), Espírito Santo (UTGC), Rio de Janeiro (Caxias), Rio Grande do Norte (Heliporto do Farol), São Paulo (Recap), Paraná/Santa Catarina (Six e Repar) e Rio Grande do Sul (Refap).

 

Privatizações prejudicam retomada econômica do Brasil

Durante as mobilizações, transmitidas ao vivo pelo canal do YouTube da FUP, os trabalhadores denunciaram o processo de privatização da Lubnor, considerado arbitrário. A venda da refinaria faz parte do desmonte da Petrobrás, intensificado durante o governo Bolsonaro, após um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2019. Nesse acordo, ficou estabelecido que a empresa deveria se desfazer de metade de sua capacidade de refino, privatizando oito das treze refinarias, incluindo a Lubnor, RLAM (Bahia), Reman (Manaus) e SIX (Paraná).

As privatizações realizadas pelo governo Bolsonaro têm sido alvo de questionamentos devido aos preços de venda consideravelmente abaixo do mercado. A Lubnor, por exemplo, foi vendida por US$ 34 milhões, o que representa 55% abaixo da estimativa de valor de mercado. A venda da refinaria levanta preocupações quanto ao abastecimento de navios, uma vez que a Lubnor é responsável por fornecer óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP para distribuidoras locais por meio de operações de cabotagem e importação.

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, ressaltou a importância da mobilização e alertou para os possíveis impactos negativos da privatização da Lubnor. Ele destacou que uma empresa privada não tem o compromisso de abastecer o mercado interno, podendo preferir exportar se for mais lucrativo. Em contrapartida, a Petrobrás tem como prioridade o abastecimento do mercado interno, garantindo a estabilidade no fornecimento de derivados de petróleo.

A venda da Lubnor também coloca em risco a criação de um monopólio privado na região, o que traz consequências negativas tanto do ponto de vista econômico quanto social para o estado do Ceará. A refinaria emprega mais de 500 trabalhadores e desempenha um papel fundamental na produção de asfalto, sendo responsável por cerca de 10% da produção nacional. Além disso, a Lubnor fornece lubrificantes naftênicos, utilizados em aplicações nobres como isolantes térmicos e amortecedores.

O ato de solidariedade da categoria petroleira de Minas Gerais evidencia a união dos trabalhadores e trabalhadoras em defesa dos direitos e contra os resquícios do projeto político entreguista dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas. As manifestações simultâneas em diversas bases pelo país mostram a determinação dos trabalhadores em lutar contra o desmonte da Petrobrás e garantir a soberania nacional no setor energético. A categoria reafirma sua posição de resistência e promete continuar denunciando as privatizações e defendendo a importância estratégica da estatal para o Brasil.