Em Minas, a produção da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, foi parada totalmente pela primeira vez
Após um governo desastroso, com confisco da Poupança e corrupção, o então presidente Collor de Mello sofreu um processo de impeachment. Seu afastamento em 1992, foi precedido de uma onda de manifestações que tinha à frente as centrais sindicais com participação de estudantes, os “caras pintadas”. Itamar Franco, vice de Collor, assumiu o governo até as eleições de 1994, quando foi eleito o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Em 1994, o movimento sindical denunciava as perdas salariais dos diversos planos econômicos e protestava contra o fim do monopólio do Petróleo. Entrava em vigor o Plano Real e a categoria petroleira deliberou, em congresso, o apoio à candidatura de Lula e a articulação de uma campanha salarial unificada com várias categorias.
Houve a decisão de greve nas unidades da Petrobrás. Em Minas, a produção da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, foi parada totalmente pela primeira vez. Não houve acordo sobre o número mínimo de trabalhadores que ficariam dentro da Regap e a greve considerada abusiva pelo TST.
Entre o final de 94 e início de 95, foram demitidos sete diretores do Sindipetro/MG. Ao todo, 29 trabalhadores foram punidos. Diante das contas do Sindicato bloqueadas, a categoria decidiu aumentar a contribuição e manter-se em solidariedade com os punidos até que todos fossem reintegrados.
Em maio de 1995, uma nova greve foi deflagrada e durou 32 dias. As reivindicações giravam em torno do reajuste salarial de 26,63%; cumprimento do acordo assinado em 25/11/94, reintegração dos demitidos e luta contra privatizações. O movimento se transformou em símbolo do enfrentamento dos trabalhadores brasileiros ao projeto neoliberal do então governo de FHC cuja marca foram as privatizações, o desmonte de direitos trabalhistas e de conquistas sociais da Constituição Cidadã, de 1988.
O TST também julgou a greve de 95 abusiva e estabeleceu multa para os sindicatos de 100 mil reais por dia parado, julgando improcedente as reivindicações da categoria. O Sindipetro/MG teve bens penhorados.
“Quando saímos à rua defendendo o monopólio do petróleo e as estatais, tem gente que pensa que é uma luta corporativa, mas estamos defendendo o direito de uma sociedade inteira, porque a privatização é a entrega da soberania”, discursava na época o então presidente do Sindipetro/MG nas gestões entre 1990 e 1999, Márcio Nicolau Machado (falecido em 2019). Em julho de 1995, a categoria decidiu em assembleia pela filiação à FUP e elegeu delegados para o 1º CONFUP.