Sindicato cobra condições para parto humanizado na AMS Sindicato cobra condições para parto humanizado na AMS

Notícias | 7 de outubro de 2021

Parto humanizado deve ser direito de todas as petroleiras

O Sindipetro/MG enviou, no dia 4 de outubro, um ofício à gerência geral e para a gerência de RH da Regap solicitando que o Saúde Petrobrás inclua algumas acomodações voltadas para o parto humanizado.

“Tendo em vista o interesse da Petrobrás em propiciar uma experiência respeitosa para os futuros pais, esta entidade requer que sejam avaliadas as condições de implementação deste benefício para as petroleiras e petroleiros de Minas Gerais e que, caso não haja viabilidade, que sejam esclarecidas as motivações”, diz trecho do ofício, que lembra ainda que a Petrobrás é integrada ao Projeto Parto Adequado. Essa iniciativa propicia às gestantes e aos bebês uma experiência mais respeitosa e humana tanto no pré-parto, no parto e também no pós parto (PPP).

Confira aqui o ofício enviado:

Oficio 052.2021 – Projeto Parto Adequado

Como frisa a técnica de operação da Regap Vanessa Serbate Borges, uma experiência mais tranquila deixa todos os envolvidos mais seguros e saudáveis também no retorno ao trabalho. Ela, que está em sua terceira gestação, espera que seja possível que a reivindicação seja atendida. 

Vanessa trabalha há 13 anos no setor CCF (Craqueamento Catalítico Fluido) da Regap, e divide aqui um pouco de sua história. Ela conta que em sua primeira gestação, há seis anos, trabalhou em horário administrativo e conseguiu conciliar com a prática de atividades físicas. “Trabalhei literalmente até o dia do Lucas nascer”, lembra. Foi um parto tranquilo, mas na época não se falava muito em parto humanizado e depois Vanessa percebeu que poderia ter sido ainda melhor.

Já durante a segunda gestação, ela trabalhou no turno, no painel, o que dificultou muito a rotina de atividades físicas. Ela se sentia mais cansada e a filha estava em posição pélvica, o que levou a uma cesariana. Vanessa diz que correu tudo bem, mas que talvez não tivesse as condições previstas no plano para o parto normal, como ela gostaria. 

Nessa terceira gestação, Vanessa pesquisou as diversas circunstâncias ligadas ao parto e está convencida que o humanizado é a melhor opção para as mulheres, para que, em suas palavras, seja uma experiência de uma mulher parindo e um bebê nascendo, e não uma cirurgia num bloco cirúrgico. 

Entre as opções, há os hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS), como o Sofia Feldman e há também a possibilidade de pagamento de diversos profissionais para acompanhar um parto humanizado na rede privada. Vanessa tenta ir por um terceiro caminho: encontrar uma estrutura humanizada na rede particular, coberta pela AMS. 

Vanessa Borges é operadora da Regap e, em sua terceira gestação, espera a possibilidade de ter um parto humanizado coberto pelo plano / Foto: Arquivo pessoal

“​​No Mater Dei, por exemplo, na hora do parto, as salas normais só têm a opção de ficar deitada. Mas eles oferecem também as salas PPP, que são as salas pré parto, parto e pós parto. O uso dessas salas acontece a partir do momento em que a mulher entra em trabalho de parto. E, estando tudo bem, ela fica lá até o bebê nascer. E tem toda a estrutura, bola de pilates, banco de cócoras, banheira. Tem todo um aparato que permite que o trabalho de parto prossiga de uma maneira mais fácil,  mais natural, que favoreça o nascimento sem nenhuma intervenção. Mas para fazer o uso dessa sala, no nosso plano, a gente precisa pagar pelo uso. Tem plano de saúde que cobre o uso dessa sala. Então não é um produto para ser vendido exclusivamente particular. Mas nosso plano não cobre”, explica. 

“É um parto hospitalar com uma condição muito mais natural, com muito menos intervenções, que podem ocasionar doenças, problemas, que deixa o pós parto muito difícil… e tudo isso poderia ser evitado com uma simples mudança de posição. E isso pode facilitar muito a gestação, que a gente passe com qualidade de vida. Para quando a gente retornar ao trabalho poder fazê-lo com a cabeça tranquila, tanto os homens como as mulheres. E da parte hospitalar, de parto, isso é o que consigo ver que é possível fazer, de um modo mais rápido e mais efetivo”, completa.

Ginástica

Vanessa está na 30a semana de gestação, em trabalho remoto devido à pandemia e se sente bem, física e emocionalmente. Ela conta que um fator importante para sua saúde tem sido a possibilidade de fazer atividades físicas, mesmo que em horários pouco regulares, por meio do GymPass, oferecido pela empresa.

Ela lembra que o benefício vale também para esposas de petroleiros e sugere que outras gestantes façam uso desse direito, para uma gestação mais feliz e saudável.

Luta do sindicato

Márcia Nazaré, diretora do Sindipetro/MG reforça que o sindicato segue na luta pela cobertura pelo plano de saúde da Petrobrás do acesso ao serviço e condições do parto humanizado nas redes particulares de Belo Horizonte e de Betim, pois é uma forma de deixar as trabalhadoras mais seguras.”Conhecendo os desafios pelos quais passam as trabalhadoras  petroleiras em função do trabalho que executam, o sindicato percebe que  no momento de decidirem pela maternidade, as trabalhadoras se sentiriam bem mais seguras de poder contar com a opção do parto humanizado”, reforça. Márcia lembra que o direito vale também para esposas de petroleiros. 

Resposta do departamento de Relações Sindicais da Petrobrás

Na quinta (7), o Sindipetro/MG recebeu, por email, uma resposta das Relações Sindicais, que reproduzimos na íntegra abaixo:

“Prezados,

Como de conhecimento o projeto Parto Adequado, desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde, tem o objetivo de identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas sem indicação clínica na saúde suplementar. Essa iniciativa visa ainda a oferecer às mulheres e aos bebês o cuidado certo, na hora certa, ao longo da gestação, durante todo o trabalho de parto e pós parto, considerando a estrutura e o preparo da equipe multiprofissional, a medicina baseada em evidência e as condições socioculturais e afetivas da gestante e da família.

O Projeto foi estruturado nas seguintes fases:

Fase 1: fase piloto, entre 2015 e 2016, que contou com a participação de 35 hospitais e 19 operadoras de planos de saúde. Essa fase foi caracterizada por testes iniciais, que demonstraram a viabilidade do projeto.

Fase 2: fase de disseminação, de 2017 a 2021. Entre 2017 e 2020, participaram 108 hospitais e 60 operadoras de planos de saúde. No Ciclo Intensivo da Fase 2, de 2020 a 2021, ainda em curso, participam 28 binômios de operadoras e hospitais, com acompanhamento mais próximo e metas mais desafiadoras. Essa fase se caracteriza por estender a intervenção a uma variedade de prestadores e operadoras que representam o país. Nessa fase, já foram evitadas 20 mil cesarianas desnecessárias.

Fase 3: contempla medidas para promover a disseminação das estratégias de melhoria da qualidade da atenção do parto e nascimento em grande escala, com possibilidade de inclusão do conjunto de maternidades e operadoras do país.

Na fase atual (Ciclo Intensivo da Fase 2) o projeto prevê que cada maternidade tenha apenas uma operadora parceira, não sendo possível a Saúde Petrobras realizar parceria com a Rede de Saúde Mater Dei tanto de Betim quanto de Belo Horizonte.

Uma das melhorias implantadas pelas maternidades para atendimento ao projeto é a disponibilização de acomodações chamadas de quarto PPP, onde a gestante pode permanecer no período de pré-parto, parto e pós parto. Em virtude do número reduzido desses quartos, as maternidades têm destinado essas acomodações para as gestantes da operadora parceira no Parto Adequado.

Atenciosamente,

Relações Sindicais”

(texto de Joana Tavares / Jornalista do Sindipetro/MG)