Retrocesso: Aécio volta a defender concessão do pré-sal Retrocesso: Aécio volta a defender concessão do pré-sal

Diversos, Notícias | 24 de setembro de 2014

Em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, nesta terça, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, reafirmou a intenção de retomar o modelo de concessão para o pré-sal, demonstrando em sua argumentação desconhecimento da indústria petrolífera e total falta de compromisso com o desenvolvimento do país. “Eu quero ouvir a sociedade brasileira se, em determinados casos, o modelo de concessões, que foi um modelo que trouxe mais de 70 empresas para investir no Brasil e permitiu um aumento grande da produção de petróleo em todo aquele período, não possa também ser um modelo que possa voltar a ser executado em determinados casos”, afirmou Aécio aos entrevistadores.

Parece que o candidato tucano não sabe nada sobre a indústria de petróleo no Brasil. Nestes quase vinte anos de abertura do setor, desde a quebra do monopólio da Petrobrás, no governo FHC, as petroleiras privadas que atuam no Brasil são responsáveis por menos de 7% da produção nacional. Nem a própria ANP sabe o que essas empresas fazem com o petróleo que extraem, já que, pelo modelo de concessão, elas detêm a propriedade integral deste recurso e, normalmente vendem para quem paga mais. 

Além disso, ao longo destas quase duas décadas do modelo de concessão, nenhum investimento de peso foi feito pelas petrolíferas privadas no Brasil. Não fizeram sequer uma encomenda de plataforma, sonda de perfuração ou navio à indústria naval brasileira. 

Sem falar que todos as plataformas das petrolíferas privadas são 100% terceirizadas, sem qualquer controle das atividades e condições de trabalho, já que essas empresas não reconhecem os sindicatos petroleiros como representantes destes trabalhadores. 

Pra citar um exemplo: a Statoil, que é a segunda maior produtora de petróleo no Brasil (0,3% da produção nacional), emprega apenas 200 trabalhadores próprios, todos em escritório, pois suas plataformas trazidas do exterior são todas terceirizadas. E pensar que cerca de 20% do pré-sal já foram entregues às multinacionais nos leilões de concessão. Imagina se o governo Lula não tivesse alterado a legislação e garantido o regime de partilha para essa riqueza nacional?

Aécio Neves e a equipe tucana de Marina Silva querem rever o modelo de partilha e adotar o sistema de concessão para o pré-sal.

Se em seu programa de governo, a candidata do PSB, Marina Silva, trata o petróleo como um mal necessário e dedica apenas uma linha ao pré-sal, nos debates e encontros com empresários, ela vem revelando uma proximidade cada vez maior com o projeto tucano de privatização da Petrobrás e do pré-sal. 

Seu coordenador de campanha e principal articulador político é o ex-deputado do PSDB, Walter Feldman, que, após 25 anos entre os tucanos, migrou para o PSB. Em reunião recente com empresários paulistas, ele criticou o modelo de partilha do pré-sal e o papel da Petrobrás como operadora única e classificou a atual política de conteúdo nacional como “doutrinária”. 

Marina Silva já deixou claro que irá fazer a “revisão em profundidade de todos os programas atuais que demandem incentivos e proteção, incluindo os casos em que é aplicada a política de conteúdo nacional”, como destaca na página 73 do seu programa de governo. Na TV, ela também declarou com todas as letras que irá refazer o planejamento estratégico da Petrobrás.

FUP