A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), sindicatos CUTistas, movimentos sociais, CTB se uniram na manhã desta terça-feira (28) aos metalúrgicos em ato público contra as demissões em massa, que faz parte do Calendário de Lutas. A manifestação no Dia Nacional de Mobilização e Lutas contra o Desemprego e contra o Ajuste Fiscal na portaria 4 paralisou durante uma hora a troca de turno da Vallourec, no Barreiro. A empresa demitiu mais de 300 trabalhadores e trabalhadoras nas últimas semanas, alegando a redução da produção por causa da suspensão de contratos da Petrobras.
De acordo com o Sindicato, as dispensas, que podem chegar a mil, configuram demissão coletiva e foram feitas durante negociação para garantir os empregos. Além disso, numa atitude antissindical, a Vallourec entrou com processo de interdito proibitório, para impedir que os sindicalistas tenham contato com metalúrgicos. Por isso, o Sindicato denunciou a empresa no Ministério Público e uma audiência está agendada para as 14 horas desta terça-feira. O Sindicato dos Metalúrgicos exige a reintegração dos demitidos.
Participaram da manifestação a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira; o secretário-geral Jairo Nogueira Filho; a secretária de Combate ao Racismo, Elaine Cristina Ribeiro; o secretário de Meio Ambiente, José Maria dos Santos; o secretário de Relações do Trabalho, Marcos de Jesus Leandro; dirigentes do Sindieletro, Sind-UTE/MG, Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Sindados, Sindipetro, Sindibel, Sindágua, Sindifes, UJR, MLC, Ames-BH, Fenet, entre outras entidades.
“Foram 250 demissões em uma semana. A Vallourec argumenta que a crise provocou a suspensão dos contratos com a Petrobras, o que reduziu a produção, que só vai ser retomada em 2017. Nós admitimos até negociar, pois temos alternativas para garantir os empregos. Mas, a empresa iniciou as demissões e nós suspendemos nas negociações. Temos informações de que, em 2017, a Vallourec vai triplicar a produção e, para aumentar os lucros, vai usar a rotatividade: demitir quem tem mais de 20 anos de casa e maiores salários e contratar por salários mais baixos. O objetivo é fazer uma reestruturação da empresa, com redução de salários”, denunciou Geraldo Valgas, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região.
“Querem transferir para os trabalhadores a responsabilidade pela crise e não podemos permitir isso. A demissão é a forma mais sórdida de penalizar a classe trabalhadora. E os metalúrgicos vêm sofrendo as consequências disso. Nós não podemos pagar a conta. Por que não taxam as fortunas e os lucros dos bancos? À tarde, faremos um ato em frente ao Banco Central contra o ajuste fiscal, as medidas provisórias que retiram conquistas e direitos dos trabalhadores. Parabéns aos trabalhadores da Vallourec pela luta. Estamos juntos com vocês”, disse a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira.
“Os patrões só pensam nos lucros e nós, trabalhadores, somos o alvo para aumentar estes lucros. Somente com a classe trabalhadora unida vamos mudar os rumos deste país. Precisamos dar as mãos para defender as conquistas que conseguimos com muita luta”, disse o presidente do Sindágua e secretário de Meio Ambiente da CUT/MG, José Maria dos Santos. “Estamos juntos com os companheiros da Vallourec. Não às demissões em massa e às práticas antissindicais”, afirmou a secretária de Combate ao Racismo da Central, Elaine Cristina Ribeiro.
Calendário de Lutas de julho e agosto começou na sexta-feira (24) com ato público na portaria principal da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim. A categoria, coordenada pelo Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-MG), entrou em greve de 24 horas para protestar contra o novo Plano de Gestão e Negócios da Petrobras, que corta investimentos e vende ativos da empresa e pode retirar milhares de empregos. Petroleiros e apoiadores também são contra o Projeto de Lei do senador José Serra( PSDB-SP), que tramita no Senado e prevê o aumento da exploração da estatal pela iniciativa privada e tira da Petrobras o papel de operadora única do pré-sal.
Nesta quinta-feira (30), o Calendário de Lutas prossegue nesta semana com duas outras atividades, com apoio político e participação das entidades representadas na reunião realizada na CUT/MG. Às 9 horas, na Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os técnico-administrativos, coordenados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Instituições Federais de Ensino (Sindifes) se reúnem em assembleia geral. Às 14h30, os metalúrgicos lançam a campanha salarial unificada, com mobilização às 10 horas, no Sindicato dos Metalúrgicos de BH, Contagem e Região, e entrega da pauta às 14h30 na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg – avenida do Contorno, 4.446, Belo Horizonte).
O lançamento da Frente Popular de Esquerda, marcado anteriormente para o dia 4 de agosto, foi transferido para 7 de agosto, às 18 horas, no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MG – avenida Álvares Cabral, 1.600). A Plataforma Mineira contra o retrocesso e a retirada de direitos da classe trabalhadora e em defesa da democracia e da soberania nacional vai ser apresentada. No dia 8 de agosto, às 9 horas, no Sindieletro-MG (rua Mucuri, 271, bairro Floresta), será realizado debate sobre Direito de Greve x Criminalização do Movimento Sindical, Terceirização, Mandato Vitalício no Poder Judiciário e Fator Previdenciário. No dia 12 de agosto, em Brasília, acontece a 5ª Marcha das Margaridas, com o tema “Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”.