Petrobrás corta na carne, mas quem sangra é o Brasil! Petrobrás corta na carne, mas quem sangra é o Brasil!

Diversos, Notícias | 15 de janeiro de 2016

Na última terça-feira, dia 12, foi anunciado pela Petrobrás um novo ajuste no famoso Plano de Negócios e Gestão 2015-2019. No mesmo dia em que os preços do barril do petróleo alcançaram a menor das cotações nos últimos 12 anos, a estatal aprofundou seu corte em investimentos anunciados no ano passado.

O valor a ser investido no quadriênio foi reduzido em US$ 32 bi (24,5%), embora tenha aumentado a previsão para 2016 em US$ 1 bi. A notícia mexeu com o mercado, e as ações da empresa, por mais uma vez, despencaram, num péssimo dia para o mundo do petróleo. Como se já previsse, o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, enviou uma carta aos empregados para falar sobre tempos de “dificuldades”, numa clara tentativa de convencer a categoria sobre a necessidade de nos sacrificarmos pelo bem do futuro da empresa.

Petroleiras e petroleiros não são burros: sabemos que a Petrobrás tem problemas! A empresa tem uma dívida alta, em grande parte atrelada ao dólar, resultado de anos de amplo investimento e de uma política de controle de preços de derivados que – embora benéfica para o controle inflacionário do nosso país – acarretou perdas para a estatal. Sabemos, também, que certamente não viveríamos essa crise sem a brusca e forte redução do preço do barril do petróleo, mesmo diante de ótimos e recordistas resultados operacionais, responsável por destruir o planejamento financeiro da empresa. Além de tudo isso, a Operação Lava Jato conseguiu massacrar a imagem da Petrobrás e provocar atrasos em importantes empreendimentos.

No entanto, ter consciência dos nossos problemas não pode significar comprar – puro e simplesmente – o discurso apocalíptico da mídia, do mercado ou de setores internos da companhia. Petroleiras e petroleiros possuem uma preocupação muito grande quanto às consequências desse processo de enxugamento da empresa sobre seus empregos e condições de trabalho. Nós, representantes dos trabalhadores da Petrobrás, vamos ainda mais longe: queremos politizar o debate e discutir sobre que tipo de empresa esperamos para todos os brasileiros!

Pode parecer ousadia de um bando de sindicalistas idealistas, mas de fato não é. Trata-se de mais um capítulo da boa e velha luta de classes, onde a omissão dos trabalhadores sobre o futuro da Petrobrás poderá custar caro às centenas de milhares de empregados na cadeia produtiva de petróleo no país. É bom lembrar que esse panorama do mundo do petróleo é resultado de uma típica crise de superprodução do capitalismo, apimentada por interesses e disputas políticas diversas entre grandes potências mundiais.

Pauta pelo Brasil: Desafiadora, mas necessária!

O objetivo do Grupo de Trabalho criado para debater a Pauta pelo Brasil, fruto de nossa última greve, é justamente jogar as cartas na mesa e debater o futuro da empresa diante desse quadro. Mas não deixaremos que esse debate se limite a gráficos, planilhas e tabelas: queremos respostas que não sejam óbvias!

E isso não significa ser irresponsável. Também queremos a recuperação financeira da empresa para que ela siga crescendo, gerando emprego, renda e tecnologia, mas não aceitaremos a velha receita neoliberal: venda de patrimônio e chicote no lombo do trabalhador. O remédio proposto pelo atual Plano de Negócios e Gestão da Petrobrás para os próximos anos pode, inclusive, matar o paciente!

A saída para essa crise deverá ser também política, em debates que não se encerram em salas e corredores da empresa, mas que se enveredam pelos gabinetes daqueles que governam esse país. É responsabilidade do Governo Federal buscar novas formas de financiamento para nossa empresa e garantir que essa não volte a ser tratada como foi ao longo da década de 1990, tempos sombrios para a estatal e para a categoria petroleira.

Nesse sentido, o anúncio de mais cortes em investimentos e possíveis vendas de mais setores da empresa soam como um desrespeito aos petroleiros e petroleiras, já que mal iniciamos o debate sobre o atual Plano de Gestão da Petrobrás e estamos empenhados a fazê-lo da melhor forma possível, com apoio de setores acadêmicos e do Dieese. Em um momento tão delicado, a ausência de diálogo e transparência não ajudam em nada!

 

Sindipetro/MG