Petrobras vende ativos ‘para pagar conta do golpe’, diz coordenador da FUP Petrobras vende ativos ‘para pagar conta do golpe’, diz coordenador da FUP

Diversos, Notícias, Petroleiros na Mídia | 22 de agosto de 2017

defesa-br Segundo a Petrobras, o lucro líquido da empresa atingiu R$ 4,8 bilhões no primeiro semestre. Apenas no segundo trimestre, foi de R$ 316 milhões, 14,6% menor do que em igual período do ano passado e 93% inferior ao registrado nos primeiros três meses deste ano. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10) pela companhia. Porém, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), é mais importante observar os dados que a diretoria da estatal não destaca do que a avaliação dos resultados operacionais e financeiros no segundo trimestre de 2017 feita pela própria estatal.

O coordenador da FUP, José Maria Rangel, destaca por exemplo que o perfil da gestão posta em marcha desde que o tucano Pedro Parente assumiu a presidência da Petrobras, em maio de 2016, é mostrado pela atual política que leva a empresa à perda de mercado e a abandonar os investimentos. O estímulo às empresas importadoras é uma característica dessa política.

Segundo o dirigente, no trimestre passado, o que se repetiu no segundo trimestre, a companhia exportou quase 700 mil barris de petróleo por dia. “Mas, ao invés de refinar no Brasil, agregando valor ao que é nosso, já que o derivado tem valor agregado muito maior do que o óleo cru, eles exportam matéria-prima para importar o produto final. Na nossa visão, é uma estratégia deliberada para facilitar a venda da BR Distribuidora. As importadoras trazem derivados do exterior e jogam aqui dentro do país utilizando toda a infraestrutura da Petrobras, os terminais, os oleodutos, tudo”, diz Rangel.

De acordo com o coordenador da FUP, até o final do ano passado havia 50 empresas habilitadas a importar derivados na Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Hoje temos mais de duzentas.”

Para a FUP, os números divulgados pela Petrobras mostram que, apesar de tudo, ela continua sendo uma empresa que gera caixa, o que reforça a posição da federação de que não é necessária a venda de ativos. “Com as variáveis do mercado, tanto no preço do barril de petróleo como no câmbio, que não estão sob o controle da Petrobras, ela conseguiria atingir um lucro líquido da ordem de 2,5% a 2,8% pelo Ebitda até 2020 sem precisar vender ativos.”

Ebitda é a sigla em inglês paraEarning Before Interests, Taxes, Depreciation And Amortization – o caixa da empresa considerando somente as atividades operacionais, sem levar em conta os efeitos financeiros e de impostos. O Ebitda Ajustado foi de R$ 44,3 bilhões no primeiro semestre, 6% superior a igual período do ano anterior, informou a empresa.

De acordo com Rangel, outro dado que chama a atenção é a Petrobras pagar tributos ao governo “sem questionar nada”. A empresa, diz, pagou no trimestre R$ 6,3 bilhões a título de regularização tributária ao governo. “Se você olhar o balanço, vai ver que ela vendeu 90% da malha de gás do sudeste por R$ 7 bilhões e usou quase esse dinheiro todo para dar ao governo.” A Petrobras vendeu os 90% da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) a um fundo de investimentos da canadense Brookfield. A NTS possui cerca de 2,5 mil quilômetros de gasodutos no Sudeste do Brasil.

Os investimentos não estão nos planos da empresa. “Eles não investem em novas áreas de produção, ou para terminar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), ou o Trem II da Refinaria Abreu e Lima (em Pernambuco), ou a fábrica de fertilizantes no Mato Grosso, por exemplo”, diz Rangel. Ao citar Comperj e Abreu e Lima, a mídia frequentemente se refere aos dois complexos como “símbolos da Lava Jato”, bilhões de dólares hoje abandonados ao relento e ao furto de equipamentos.

O próximo alvo da política de venda de ativos é a gigante BR Distribuidora. “Eles vão com carga total, para tentar ir pagando a conta do golpe. Uma das contas do golpe é desestruturar a Petrobras e tirar dela o potencial de ser uma empresa de petróleo integrada”, diz o dirigente da FUP.

Pelas avaliações dos petroleiros, os efeitos da agressiva política contra o maior patrimônio da economia brasileira são muito difíceis de ser revertidos. “O que reverteria seria um processo de eleição direta, em que um candidato comprometido com o desenvolvimento nacional dê a relevância que a Petrobras precisa no papel de indutora do desenvolvimento. A cada 1 bilhão que a empresa investe, ela gera 20 mil empregos. É um potencial de geração de empregos e renda fantástico, que o governo está tirando a cada dia que passa”, diz José Maria Rangel.

Fonte: Rede Brasil Atual (matéria de Eduardo Maretti)