Correios em greve em todos os estados do País Correios em greve em todos os estados do País

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 28 de setembro de 2017

correiosSão Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Tocantins aderiram a greve Nacional dos trabalhadores dos Correios na última terça-feira (26) e agora são todos os Estados que participam.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em retaliação, e a fim de pressionar os trabalhadores, divulgou no canal interno de comunicação, o “Primeira Hora”, a liminar do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que determina o quantitativo de 80% de ECTistas trabalhando. A empresa se aproveitou da concessão da liminar para ameaçar sobre os descontos dos dias parados. Dessa maneira, os Correios descumprem até mesmo a lei de greve.

Em boletim divulgado para a categoria na manhã desta quarta (27), a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) já protocolou medida cautelar contra as ameaças da direção da empresa em relação aos descontos dos dias parados, e também questionando o quantitativo mínimo de empregados por unidade durante a greve.

“É de suma importância a manutenção da mobilização, inclusive com mais adesão”, afirma o boletim.

Segundo o diretor da Fentect, Mizael Cassimiro da Silva, a greve foi deflagrada porque a empresa estava arrastando as negociações da campanha salarial e nenhum ponto de pauta de reivindicação da categoria foi discutido até o momento, “tamanho é a sede desta gestão em retirar direitos dos trabalhadores”, completou.

Segundo documento da Fentect enviado na semana passada para a base, “o objetivo da empresa é prolongar a negociação até o dia 11 de novembro, data em que passa a valer a Reforma Trabalhista” e a precarização das relações do trabalho passa a ser legal.

“O presidente da ETC, Guilherme Campos, parceiro fiel do presidente ilegítimo Michel Temer, quer fazer dos Correios a primeira empresa pública a funcionar com as novas leis”, explicou Mizael, se referindo também ao pacote de empresas estatais que estão a venda para o capital.

O boletim da Fentect divulgou também que o Comando de Negociação da greve está deliberando várias atividades, em especial, um ato público em Campinas (SP), com a participação de caravanas das regiões próximas, e a ida de caravanas para um grande ato nacional, no dia 3 de outubro (terça-feira) no Rio de Janeiro, contra a privatização.

“É importante denunciar para a população o processo de desmonte nos Correios e outras empresas públicas que este governo e seus aliados visam a privatização”, completou Mizael.

Em SP, categoria passa por cima de grupo divisionista

Os trabalhadores dos Correios da capital paulista e de Bauru, no interior, rejeitaram a proposta da estatal, em assembleia realizada na noite de terça-feira (26), e aderiram à paralisação da categoria. No estado de São Paulo, a categoria é representada por um sindicato ligado à Findect (federação dissidente não regularizada no Ministério do Trabalho), que tentou uma negociação com a ECT sem ouvir a categoria. A proposta desse grupo, entretanto, foi deslegitimada e recusada pelos trabalhadores.

A federação da categoria, reconhecida pelo Ministério do Trabalho é a Fentect, ligada à CUT. É esta federação que lidera a greve em todo o Brasil, há nove dias, para pressionar o acordo coletivo deste ano, que está atrasado porque os Correios, sob a gestão do governo de Michel Temer (PMDB), apresentou como proposta somente exclusões de cláusulas importantes para os trabalhadores. Também prorrogou discussões das cláusulas econômicas e de benefícios.

Moisés Gonçalves da Silva, dirigente sindical da Fentect no estado de São Paulo, diz que os sindicatos ligados à outra federação tentaram convencer os trabalhadores de que era preciso aceitar os 3%. “Infelizmente, esses sindicatos de São Paulo e do Rio de Janeiro estão numa política de enganação aos trabalhadores, pois dialogam nos bastidores com a direção da ECT, desfavorecendo a categoria no que diz respeito a um acordo coletivo que contemple os trabalhadores.”

Silva comemora a resposta da categoria na assembleia, ao decidir pelo fortalecimento da luta nacionalmente e não aceitar retrocessos dos direitos. “É importante a entrada dos trabalhadores de SP e do RJ na greve, que têm os maiores sindicatos. A mobilização nacional garante que a empresa recue e não ataque os direitos dos trabalhadores nos acordos coletivos de 2016 e 2017, e para que tenhamos avanços no próximo.”

Doação de sangue em Goiás

Em Goiás, os trabalhadores dos Correios estão fazendo diversas ações durante a greve. Nesta quarta-feira (27) grevistas fizeram doação de sangue para incentivar outras pessoas a fazer o mesmo. Em Goiânia (GO), os grevistas se concentraram no Hemocentro, localizado na Avenida Anhanguera, 5.195, a partir das 8h30. Houve doações também em Rio Verde e Jataí.

Já aderiram ao movimento no território goiano trabalhadores das cidades de Abadia de Goias, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista, Bom Jesus de Goiás, Caçu, Caldas Novas, Campinorte, Catalão, Goianésia, Goiânia, Hidrolândia, Indiara, Inhumas, Jaraguá, Jataí, Maurilândia, Mineiros, Niquelândia, Palmeiras de Goiás, Paranaiguara, Piracanjuba, Porangatu, Quirinópolis, Rio Verde, Santa Helena, São Luiz do Norte, São Simão, Senador Canedo, Trindade, Uruaçu e Vianópolis.

Direito de greve

Pelo Brasil, a categoria promete não recuar até que um acordo seja aprovado. A ECT, no entanto, tem ameaçado os funcionários, por meio de notas publicadas no jornal que é distribuído no interior da empresa, dando a entender que haverá desconto pelos dias parados.

A Fentect reforça que todos os recursos jurídicos possíveis estão sendo providenciados pela assessoria da entidade, inclusive para reverter a liminar do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que determina que 80% dos funcionários estejam trabalhando.

Pelo estado de São Paulo, as bases de Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e Santos já haviam aderido à greve, pois os sindicatos desses locais são filiados à Fentect/CUT.

Mobilização e denúncias

Com a mobilização, os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios denunciam o fechamento de agências por todo o Brasil, o que dificulta a vida não somente da categoria, mas de muitas populações que precisam dos serviços dos Correios, postal e bancário; ameaças de demissão motivada; corte em investimentos, incluindo novos concursos públicos; a suspensão das férias dos trabalhadores; retirada de vigilantes das agências, interferências e o sucateamento no plano de saúde da categoria, entre outras retiradas que já estão sendo promovidas.

A categoria reivindica a manutenção dos direitos já conquistados e é contra a privatização e contra a cobrança de mensalidade no plano de saúde. Os trabalhadores também reivindicam reposição de 8% para todos os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) + R$ 300,00 linear, ticket de R$ 45,00, vale cesta no valor de R$ 440,00 e aumento de 10% nos demais benefícios.

A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) oferece 3%, mas para pagamentos a partir de janeiro de 2018.

Fonte: CUT Brasil