Ao abrir mão do setor de fertilizantes, Parente coloca Brasil na contramão do mundo Ao abrir mão do setor de fertilizantes, Parente coloca Brasil na contramão do mundo

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 21 de março de 2018

A saída da Petrobrás do segmento de fertilizantes, além de comprometer a soberania alimentar, já que o Brasil importa mais de 75% dos insumos nitrogenados, coloca o País na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados estão em expansão. Os especialistas vêm alertando que a demanda global de fertilizantes deve elevar em até 15% os preços do produto.

“As cotações devem ser impulsionadas, nos próximos dois meses, pela procura da China, Estados Unidos e Índia”, divulgou recentemente o Canal Rural. “Em relação aos nitrogenados, os preços na China seguem acima dos valores do mercado internacional”, ressaltou a reportagem (leia aqui a íntegra).

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo. A agricultura é uma das principais atividades econômicas do País e fundamental para o desenvolvimento nacional. O setor depende dos fertilizantes e produzi-los no Brasil é questão de soberania, pois diminui a dependência da importação, além de gerar empregos e riquezas no País. A saída da Petrobrás do segmento de fertilizantes, portanto, impacta diretamente a cadeia produtiva do setor agrícola, tornando o Brasil cada vez mais dependente dos preços internacionais.

Ao longo dos anos 2000, os governos Lula e Dilma trabalharam para reduzir essa dependência externa, através da implementação do Plano Nacional de Fertilizantes e da ampliação da participação da Petrobrás no setor, com o desenvolvimento de novas fábricas, como a Fafen Uberaba e a Fafen Mato Grosso do Sul, que chegou a ter 85% das obras concluídas e agora está sendo entregue por Parente. Estudos da época apontavam que se as novas plantas já estivessem produzindo, a necessidade de importação de fertilizantes nitrogenados seria hoje inferior a 10%.

O golpe tirou do Brasil a chance de ser autossuficiente na produção desses insumos e compromete a perspectiva do País tornar-se o maior produtor mundial de alimentos. O compromisso dos golpistas é com o mercado internacional e não com a soberania nacional.

A decisão de Pedro Parente de colocar em hibernação as duas fábricas de fertilizantes nitrogenados da Petrobrás na Bahia e em Sergipe acontece no rastro da privatização das unidades de Araucária e do Mato Grosso do Sul, cuja conclusão deve ocorrer nos próximos dias, com a entrega das propostas feitas pelas multinacionais Yara (norueguesa) e Acron (russa), que estão prestes a levar as duas plantas a preço de banana.

Mais um capítulo do golpe, cujo roteiro tem como enredo central a desintegração do Sistema Petrobrás e a desnacionalização dos ativos da empresa.