Interesse dos EUA no pré-sal motivou golpe político no Brasil, afirma PHA Interesse dos EUA no pré-sal motivou golpe político no Brasil, afirma PHA

Diversos, Notícias, Tribuna Livre, Mundo, Novidades, Política | 23 de julho de 2018
Foto: Mídia Ninja

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“Assim como o golpe de 64, o golpe de 2016 teve a mão gorda dos Estados Unidos”, disse o jornalista e escritor do blog Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim durante o evento de abertura do 32° Congresso dos Petroleiros do Estado de Minas Gerais, realizado na última sexta-feira (20), no Sindipetro/MG.

Paulo Henrique participou da mesa “Do golpe às eleições 2018: o papel da Petrobrás na disputa política brasileira”, composta também pela representante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Soniamara Maranho; o secretário geral da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, pela representante da FUP, Cibele Vieira e pelo coordenador geral do Sindipetro/MG, Anselmo Braga.  

Ele apresentou um histórico da disputa por petróleo na história mundial e também no Brasil. Relembrou o papel desempenhado por Fernando Henrique Cardoso que, durante seu governo, iniciou o processo de privatização da Petrobrás até chegar ao golpe de 2016, que teve a maior estatal do País como ponto central, especialmente após a descoberta do pré-sal em 2006.

“O presidente Lula é inocente e só sairá da cadeia em um acordo político. O José Dirceu, arquiteto da ascensão do PT ao poder, vai voltar para a prisão e só sairá de lá num acordo político (como se sabe ele foi condenado à prisão perpétua pelo juiz Moro). O presidente da Petrobrás que descobriu o pré-sal, Sergio Gabrielli, teve os bens bloqueados. O geólogo da Petrobrás que descobriu o pré-sal, Guilherme Estrella, teve os bens bloqueados. Então, como explicar um golpe tão profundo?”

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Segundo o jornalista, o governo americano é o principal ator nesse processo, como também foi no golpe de 1964 que derrubou o presidente João Goulart e colocou os militares no poder.

“Desde a operação que apurou a lavagem de dinheiro no Banestado, os americanos estão no Brasil. Se antes, em 1964, eles treinavam generais, hoje eles treinam juízes e procuradores. Trocaram a farda pela toga. E já deram três golpes bem sucedidos [na América Latina]: no Paraguai, em Honduras e no Brasil”.

Ele relembrou ainda a reativação da 4ª frota que havia sido desativada após descer do Caribe em 1964 e ancorar no litoral dos Espírito Santo para dar guarida aos militares que tomaram no poder na ocasião.

“Em 2006 foi descoberto o pré-sal, que era pra gerar dinheiro para a educação e saúde. Três meses depois, os Estados Unidos reativaram a 4ª frota para ficar operando no Atlântico sul, entre o pré-sal e o petróleo de Angola que é da mesma família geológica”.

Papel da mídia

Apesar de toda a interferência americana e das sucessivas ilegalidades cometidas pelo Judiciário ao longo do golpe, Paulo Henrique Amorim também apontou erros de Lula e Dilma que contribuíram para o cenário atual. Entre eles, a política econômica promovida pela presidente Dilma, ao não enfrentamento dos governos do PT à Rede Globo – que, segundo ele, teve papel muito importante em todo o golpe.

“A primeira coisa que o Lula fez depois que se elegeu presidente em 2002 foi ancorar o Jornal Nacional ao lado da Fátima Bernardes quando a Fátima Bernardes ainda não vendia presunto. A primeira coisa que a Dilma fez depois de eleita foi ir ao programa da Ana Maria Braga fazer um omelete que saiu toda errada. A segunda coisa que a Dilma fez foi ir à missa de aniversário da Folha de São Paulo, que publicou a ficha falsa da Dilma dizendo que ela tinha sido terrorista”.

E completou: “Os governos do PT não questionaram aquele monopólio. Hoje, o PT lança um programa onde fala que fará a regulação da mídia”.

Ele também criticou a falta de divulgação dada aos programas promovidos pelos governos PT, como o Bolsa Família, Fies, Mais Médicos, Prouni, Ciências Sem Fronteiras.

“Esses jovens beneficiados pelos programas do PT absorveram a ideologia da meritocracia da Globo e da Miriam Leitão. Acham que o Bolsa Família e o Fies estão aí desde sempre. E não sabem o quanto foi difícil e quantas lutas foram travadas para se construir o Bolsa Família.